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Nº 5700
Política

Portugal reconhece culpa por escravidão e sugere reparação

Presidente Marcelo Rebelo admitiu crimes coloniais e disse que “custos” deveriam ser pagos

Por da redação com agências | Edição do dia 25/04/2024 - Matéria atualizada em 25/04/2024 às 04h00

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu ontem que o país “assume total responsabilidade” pelos crimes cometidos durante a escravidão no período colonial e que esses crimes, incluindo massacres coloniais, tiveram “custos” que devem ser pagos. As informações são do jornal britânico The Guardian.

“Temos que pagar os custos”, disse o presidente português em um evento com jornalistas estrangeiros. “Existem ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Existem bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos consertar isso.”

São raros os casos em que autoridades de Portugal comentam diretamente sobre o passado colonial do país, que foi o maior traficante no comércio transatlântico de pessoas escravizadas - quase 6 milhões de pessoas. Somente para o Brasil, segundo o Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos, vieram cerca de 4,86 milhões de escravos entre os séculos 15 e 19.

Há exatamente um ano, durante a comemoração anual da Revolução dos Cravos, Rebelo de Sousa também afirmou que Portugal deveria pedir desculpas e assumir um papel de maior responsabilidade pelo comércio de escravos, mas não chegou a realizar qualquer pedido de desculpa formal. Na época, o presidente do país também afirmou que a colonização do Brasil teve impactos positivos como a difusão da língua portuguesa.

Um relatório do Conselho da Europa de março de 2021, a principal instituição de direitos humanos do continente europeu, concluiu que Lisboa precisa de mais ações afirmativas para confrontar o seu passado colonial e o seu papel no tráfico de escravos, com o objetivo de combater o racismo e a discriminação.

REAÇÃO

O partido de extrema direita português Chega criticou o presidente Marcelo Rebelo de Sousa depois que ele reconheceu a culpa de Portugal pela escravidão no Brasil e em outras colônias.

“O que o Presidente da República disse hoje ao país é a maior traição à pátria e ao povo português de que há memória. Não esqueceremos”, disse o partido Chega em publicação no X (antigo Twitter).

O deputado André Ventura, líder do Chega, também disse que, se fosse possível, o partido pediria a destituição de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Vergonha! Se houvesse forma de destituir o Presidente da República Portuguesa neste momento, o Chega fá-lo-ia!”, afirmou Ventura.

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