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Nº 5868
Caderno B

COM MIRREN E MCKELLEN, 'A GRANDE MENTIRA' É DECEPÇÃO

Nem dupla de veteranos britânicos consegue salvar filme do diretor Bill Condon

Por THALES DE MENEZES/ FOLHAPRESS | Edição do dia 22/11/2019 - Matéria atualizada em 22/11/2019 às 04h00

Foto: Reprodução
 

Um filme com Helen Mirren, 74, e Ian McKellen, 80, é sempre agradável. São dois atores com aquela solidez dramática esperada dos grandes nomes britânicos. Por causa deles, "A Grande Mentira" começa muito bem. Mas será que o casal leu a solução final do roteiro antes de assinar seus contratos? Porque qualquer coisa que o filme possa ter de bom desaparece diante de revelações absurdas que deveriam ser engenhosas e surpreendentes para conquistar a plateia. O enredo começa a desandar faltando meia hora para o final, e seus últimos cinco minutos são tão ruins que parecem uma provocação ao público. Na trama, McKellen dá vida a Roy Courtnay, um veterano e bem-sucedido golpista que, entre um e outro crime financeiro, gosta de ir atrás de viúvas ricas que possam ser enganadas por seus enganosos estratagemas. Já Mirren é Betty McLeish, a próxima vítima do malandro. Quando Roy descobre então que ela é muito mais rica do que ele imaginava, trata então de seduzir a mulher a ponto de ir morar em sua casa, sob a desconfiança do neto dela.


DELÍRIOS E ROTEIRO SEM SENTIDO

A história corre bem até que, em uma viagem a Berlim, o neto de Betty vai revelar coisas obscuras do passado de Roy. Mas, se ele não é o que aparenta ser, algo que o espectador já desconfiava, Betty também pode ter seus fantasmas no armário. A partir daí, nada mais se salva. O passado dos dois protagonistas e suas motivações no presente são apenas ridículas. O espectador precisa ter muita boa vontade para perdoar os delírios e a falta de senso do roteiro, mas acaba perdendo a paciência antes do final, que é realmente um grande equívoco. O diretor Bill Condon tem ótimos filmes no currículo, como "Kinsey" e "Deuses e Monstros", este último também com McKellen no elenco, mas neste aqui não soube o que fazer com uma história de tantas reviravoltas sem sentido.


MCKELLEN SOFRE MAIS

Charmosos como sempre, Mirren e McKellen não têm alternativa e sucumbem ao enredo. Ela ainda defende uma personagem que parece coerente em suas ações e reações. Mas o pobre Kellen, com seu Roy, se debate com um tipo que muda tantas vezes de personalidade que não dá condições de trabalho dignas para um ator tão talentoso. "A Grande Mentira", com seu final típico dos longas da franquia "Missão Impossível", mas sem uma trama que sustente esse desfecho, é uma das grandes decepções do ano.

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