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Nº 5868
Caderno B

AVENIDA DE CORES

Pelo segundo ano, Avenida da Paz recebe árvores especiais para decorar o local; artistas falam sobre a inspiração para corroborar com a arte natalina

Por Victor Lima, com assessoria | Edição do dia 13/12/2019 - Matéria atualizada em 16/12/2019 às 14h58

Foto: Cortesia
 

O maceioense já sabe: em todo final de ano, as ruas da cidade ficam mais iluminadas, recebem uma decoração especial. Um dos enfeites que têm se tornado parte dessa agenda é o ‘Natal na Avenida da Paz’, que propõe um novo olhar sob a arte urbana do período, agregando apresentações musicais que contam até com trio elétrico à disposição dos artistas. A programação está prevista para acontecer semanalmente até o dia 5 de janeiro.

A iniciativa tem apoio da Magazine Luiza, por meio da Lei de Incentivo à Cultura e do Ministério da Cidadania, e o responsável pela área de patrocínios da loja, Fábio Costa, explica o investimento. “O Natal brasileiro é feito de misturas: cada casa tem seus costumes, ritmos e tradições. Essa diversidade foi a inspiração para valorizar a criatividade dos alagoanos. A marca foi ao coração de Alagoas celebrar com a comunidade”.

Ampliando o sucesso da edição 2018, a deste ano envolve mais de 400 profissionais numa verdadeira maratona de atrações. O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore (MTB) se transforma em grande palco para a festa natalina. O espaço, que teve sua pintura renovada com o apoio cultural da Ibratin, vai receber uma exposição com o acervo pessoal do fotógrafo, cineasta e colecionador alagoano Celso Brandão.

Dentre os eventos programados, destaque para o trio elétrico natalino com Wilma Araújo, banda e as crianças do Coral Lar São Domingos, no dia 21 de dezembro. Os artistas saem da Vila dos Pescadores e chegam à Praça Marcílio Dias, onde serão recepcionados por um papai noel e uma festa de folguedos populares.

Persivaldo Figuêiroa é um dos artistas que colaboraram com o projeto. O pernambucano, residente de Maceió desde 1983, cria esculturas em grandes dimensões com a técnica de papietagem. “Minha árvore faz uma homenagem aos pescadores. Por ser uma região voltada para pesca, procurei enfatizá-los. Meus reis magos são representados por esses pescadores e na minha lapinha (presépio) faço uma referência a nossa cultura e todo nosso lindo litoral”, conta.

Ele apoia a decoração mais artesanal que decora a avenida. “Quanto ao projeto, é muito bacana poder levar cores e luzes a uma região e uma população que deixa de ser contemplada pela decoração natalina tradicional. Graças a um projeto dessa natureza, além de vida, vela-se uma decoração artística, artesanal, feita com muito carinho por todos nós”, defende Persivaldo.

Ao mesmo tempo, ele destaca o desafio que encarou. “Fiquei muito feliz quando a Mirna Porto me convidou e falou do projeto. Logo de cara, foi um susto, porque a árvore teria cinco metros de altura, no mínimo. Além de pintar, que é o meu caso, temos que entregar toda pronta, estruturada, iluminada, de acordo com a imaginação. Pintar nas alturas já faz parte do meu cotidiano artístico, porém, era um novo desafio e acredito que deu certo”.

ATRAÇÕES

As apresentações artísticas acontecem todos os sábados até 5 de janeiro. No sábado, 14, haverá o ‘Vozes no Coreto’, com o Balé Folclórico de Alagoas - Grupo Transart, Coretfal, Coro Rugas de Ouro e o Coro Prisma.

Os grupos selecionados trazem uma importante representatividade para a intenção do ‘Natal na Avenida da Paz’, que é de aproximar arte daqueles que costumam ser esquecidos ou deixados, de alguma maneira, à margem.

O Coral do Instituto Federal de Alagoas (Coretfal), por exemplo, foi fundado em 1975 pela maestrina Maria Augusta Monteiro e já nasceu com o propósito de compartilhar música e usá-la como uma ferramenta educativa. Foi nos anos 1980, sob a regência de Fátima Menezes, que o Coretfal iniciou extensões junto à comunidade alagoana, expandindo os princípios iniciais. Atualmente, o coral se programa para as comemorações de 45 anos.

O Balé Folclórico de Alagoas - Grupo Transart apresentará o “Auto Natalino Alagoano através dos Folguedos Populares dessa época”, enfatizando os autos dramáticos do Pastoril - com homenagem para a Sagrada Família, e a irreverência da Borboleta -, Fandango com a Nau Catarineta, Baianas, Guerreiro, Dança do Bumba Meu Boi do Natal, Taieiras, Desfile da Corte Real do Maracatu, Visita do Reisado, trazendo Nossa Senhora, e um grande final com o Hino do Guerreiro e a Aquarela do Brasil.

O Coro Prisma de Maceió foi criado pelo maestro Gustavo Campos Lima em 1990, na Paróquia Perpetuo Socorro, no bairro Vergel do Lago. Um grupo de 26 cantores, com o intuito de animar as missas. Era um coro simples, mas já tinha a divisão de vozes. Em 199.3 partiu para o segmento mais formal da música. Ao longo de suas mais de duas décadas de existência, o grupo acumula experiências, desde a participação em festivais, inclusive no âmbito internacional, até a realização de concertos, recitais, musical e eventos afins.

Por fim, o coro Rugas de Ouro começou a sua história, nos anos de 1999, por sugestão do professor de um estúdio de dança. A iniciativa tinha como objetivo organizar um coro que comemoraria o aniversário do clube. O diferencial seria ele ser constituído exclusivamente de mulheres a partir de 50 anos de idade. O que seria uma brincadeira tomou o rumo do compromisso com a boa música e, principalmente, em se efetivar como um espaço para fomentar o ambiente artístico-cultural, divulgando o coral nos espaços públicos e privados e fortalecendo a ideia de que ‘cantar faz bem em qualquer idade’.

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