DE MARIAH CAREY A PEARL JAM, ARTISTAS APROVEITAM O MILAGRE
TPlataformas de streaming acrescentaram playlists natalinas à febre de fim de ano
Por SILVIO ESSINGER/ O GLOBO | Edição do dia 20/12/2019 - Matéria atualizada em 20/12/2019 às 06h00
O milagre do Natal é algo que acontece todo ano para a indústria fonográfica americana, vide a batelada de lançamentos de álbuns e canções temáticas nas semanas que antecedem os festejos. 2019 não foi diferente, com direito a um milagre até mais milagroso do que o de outros natais: vinte e cinco anos após ter sido lançada, a gravação de “All I want for Christmas is you” da cantora Mariah Carey chegou esta semana ao primeiro lugar do Hot 100, parada da revista Billboard que computa o total de execuções em rádio e streaming, mais vendas. E a reedição de 25 anos do álbum que traz a canção, “Merry Christmas”, por sua vez, se aboletou no terceiro lugar do Hot 100 de álbuns. O estouro tardio de Mariah é a cereja de um bolo que, graças ao fermento das plataformas de streaming e de suas playlists natalinas, não para de crescer. Este ano, ele uniu as ex-rivais Katy Perry (”Cozy little Christmas”) e Taylor Swift (“Christmas tree farm”) em lançamentos de canções para a festa. E periga promover um revival de George Michael com o filme “Uma segunda chance para amar”, que é baseado em “Last Christmas”, uma canção do Wham! (ex-grupo do cantor, falecido no Natal de 2016), e que traz em sua trilha uma música inédita do inglês, “This is how (we want you to get high)”. E até mesmo o grupo Pearl Jam resolveu reunir suas canções natalinas pela primeira vez nas plataformas de streaming (por enquanto, ele soltou “Someday at Christmas”, recriação de uma canção de Stevie Wonder. A multiplicação dos álbuns natalinos também segue a toda no Hemisfério Norte, com lançamentos de Robbie Williams (“The Christmas present”), da ex-“Glee” Lea Michele (“Christmas in the city”) e de um ressuscitado Bing Crosby (“Bing at Christmas”, que traz a voz do cantor de todos os natais em canções clássicas como “White Christmas”, agora com o acompanhamento de London Symphony Orchestra). E como era de esperar, há também os discos de que quem norrmalmente não se esperaria, como o de Rob Halford, cantor da banda de heavy metal Judas Priest (“Celestial”) e do grupo de rock mexicano-americano Los Lobos (“Llegó Navidad”). Já no Brasil, que em outros tempos comprou mais de um milhão de cópias de “25 de dezembro” (1995, da cantora Simone, que trouxe o hit “Então é Natal”) e motivou Ivan Lins a lançar “Um novo tempo” (2000), a trilha da ceia não terá grandes novidades fonográficas — mas será farta, no que depender das playlists do streaming. No Spotify, “Natal 2019” garante os hits natalinos internacionais, ao lado de canções no mesmo clima vindas de Roberto Carlos, Padre Marcelo Rossi, Roupa Nova e Padre Fábio de Melo. E a Deezer vem com um canal de Natal que mistura repertório nacional e estrangeiro na seleção “Clássicos de Natal”, oferece playlists natalinas exclusivas elaboradas por Luan Santana, Rodriguinho & Gaab, Xand Avião e o grupo gospel Casa Worship, além de listas internacionais que vão da que Mariah Carey fez a uma só de rap e outra só de punk rock. — Apesar de não termos no Brasil uma tradição forte de lançamentos de álbuns natalinos, a imagem de celebração em família com música é bastante presente. Neste caso, o streaming dá a possibilidade de quebrar barreiras e entregar uma curadoria ampla — argumenta Gabriel Lupi, Diretor de Conteúdo e Relacionamento com Artistas da Deezer no Brasil. — O legal do nosso canal especial de Natal é que não se resume às músicas já consagradas para a festividade. Temos uma seleção de faixas exclusivas de músicas natalinas gravadas por artistas internacionais a convite da Deezer. Além disso, também é possível conhecer o que os famosos escutam em suas festas com as playlists. Produtor que em 2008 organizou o álbum “Natal Bem Brasileiro” (só com canções de compositores brasileiros, regravadas por cantores como Dominguinhos, Miúcha, Elba Ramalho, Maria Bethânia e Wanderléa), Thiago Marques Luiz reconhece que os clássicos natalinos da MPB “fazem parte de um universo que está muito ligado a memória afetiva do povo”. Mas admite: — A música natalina sempre teve mais força e tradição dentro da música americana, já no Brasil nunca foi o carro chefe. Eu acho que por isso se produziu pouco, mas o pouco que se produziu marcou e fez história. São poucos clássicos se você for analisar, mas são grandes o suficiente pra compor um disco ou um show de sucessos. Da pra fazer um disco, dois já fica dificil.