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Nº 5868
Caderno B

2019 FOI MARCADO PELA HEGEMONIA DE VINGADORES

‘Ultimato’, tornou-se a maior bilheteria; cinco dos dez filmes nacionais mais vistos chegaram a 1 milhão de espectadores

Por PEDRO WILLMERSDORF/ O GLOBO | Edição do dia 27/12/2019 - Matéria atualizada em 27/12/2019 às 06h00

Vingadores dominou, mas filme de maior bilheteria vendeu ingressos e teve salas vazias
Vingadores dominou, mas filme de maior bilheteria vendeu ingressos e teve salas vazias - Foto: Reprodução
 

Em 2019, a Disney consolidou o domínio do ranking de filmes mais vistos pelo planeta. Foram seis longas na lista mundial, e sete na que compila os campeões de público no Brasil (veja abaixo). Na liderança isolada está “Vingadores — Ultimato”, que arrastou 19,7 milhões de brasileiros ao cinema. Lançado em abril, o último filme da franquia de heróis levou pouco mais de 90 dias para embolsar US$ 2,97 bilhões pelo mundo e se tornar o filme de maior arrecadação da história do cinema, desbancando “Avatar” (2009). Mas foi preciso um pouco mais que os super-poderes da trupe: o longa foi “relançado” em junho, com cenas inéditas, para ter fôlego de chegar a este recorde. Por mais que não seja surpreendente, a presença da Disney nos rankings parece ter atingido seu momento mais forte neste ano. Para Paulo Sérgio Almeida, diretor do portal de análise de mercado “Filme B”, a empresa descobriu “a galinha dos ovos de ouro de Hollywood”: — Eles faziam filmes para todos os públicos, com foco nos clássicos Disney. Com a aquisição da Pixar, da Marvel e da Lucasfilm, houve uma expansão de mercado. Repararam que o espectador infantojuvenil é uma mina de ouro. São jovens dispostos a sair de casa e ainda levam os pais com eles.


AUSÊNCIA DE COTA DE TELA FEZ DIFERENÇA

Mas enquanto a Disney vivia seu conto de fadas, teve gente enfrentando um pesadelo em 2019. O ano foi marcado pela indefinição sobre a Cota de Tela, que garante espaço nas salas de cinema do país para filmes brasileiros — ao menos as regras para 2020 foram definidas nesta terça-feira (24). A estreia de “Vingadores — Ultimato” acabou sendo simbólica para mostrar como a medida faz diferença. À época, o blockbuster varreu a comédia “De pernas pro ar 3” das salas. Protagonizado por Ingrid Guimarães, o longa foi lançado, em abril, em 1010 salas. Três semanas depois, com a chegada dos super-heróis, sua ocupação caiu pela metade. Esta foi apenas uma das instabilidades a afetar a produção audiovisual, que sofreu, por exemplo, com o atraso no destravamento do Fundo Setorial, só concluído em dezembro. Curiosamente, um dos três “intrusos” no top 10 de 2019 no país vem do universo dos heróis, mas com uma pegada diferente: “Coringa” levou 9,8 milhões de brasileiros aos cinemas. Para o crítico de cinema e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Pedro Butcher, a crítica social foi um fio condutor que amarrou outras produções relevantes durante o ano. — Em um mundo marcado pela polarização, vimos o cinema tentando reagir a esta realidade sem sutilezas. Além de “Coringa”, destaco também “Parasita” e “Bacurau”. Três obras de lugares tão diferentes que abordam os extremos com várias camadas — comenta.


‘NADA A PERDER 2’ LIDERA BILHETERIA NO BRASIL

Além de “Coringa”, fecham o trio de forasteiros no ranking: “Homem-Aranha — Longe de casa”, herói nascido como HQ da Marvel, mas levado às telas pela Sony, e “Nada a Perder — Parte 2”, único brasileiro no top 10 de 2019. Sequência da saga do bispo Edir Macedo, a produção atingiu 6 milhões de espectadores, quase metade dos 11,2 milhões que viram o filme original em 2018 — a maior bilheteria nacional de todos os tempos. A continuação da cinebiografia seguiu a praxe da primeira parte: milhões de ingressos vendidos e centenas de salas vazias. Mas nem só de bilheteria se faz o ano do cinema. Em prêmios internacionais, houve motivos para o Brasil celebrar. Em Cannes, “Bacurau” levou o Prêmio do Júri, e “A vida invisível” conquistou a mostra Um Certo Olhar. Opção nacional para tentar uma vaga no Oscar, o longa de Karim Aïnouz foi descartado pela Academia. A chance agora se limita a “Democracia em vertigem, de Petra Costa, que segue na pré-lista da categoria documentário.

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