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Caderno B

MAPEAMENTO EMERGENCIAL

Artistas de Alagoas se unem para cobrar ações eficazes de socorro à categoria durante a pandemia; entre demandas estão o pagamento de serviços já contratados pelo governo e auxílio financeiro

Por MARIA CLARA ARAÚJO*/ ESTAGIÁRIA | Edição do dia 14/05/2020 - Matéria atualizada em 14/05/2020 às 06h00

Foto: Jonathan Lins
 

O Fórum de Teatro de Maceió (FTM) está realizando um mapeamento sociocultural dos artistas e técnicos informais desse setor, buscando entender as demandas e melhorar as propostas para atender as necessidades sociais, econômicas e jurídicas dos artistas e trabalhadores da arte em Alagoas. O setor está com as atividades paradas desde o início do isolamento social, decorrente da pandemia de Covid-19. Tratado por diversas vezes como “não fundamental”, o setor vê esse pensamento se fortalecer diante das diversas demandas da pandemia. No entanto, um estudo divulgado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais ( Cedeplar- UFMG), revelou que a paralisação das atividades culturais, entre os dias 21/03 e 05/05, podem resultar em um prejuízo de pelo menos R$ 29,9 milhões para a economia alagoana. De acordo com o estudo em 3 meses de isolamento social a paralisação do setor vai gerar R$ 11,1 bilhões de prejuízo, no Brasil. Ainda assim, a cultura e seus trabalhadores são constantemente atacados. Mesmo com o consumo altamente elevado de produtos culturais durante a quarentena, as pessoas se esquecem que, por trás de toda aquela produção, há um trabalhador que, assim como em qualquer outro, precisa receber. Em carta aberta enviada para todas as secretarias, para o gabinete do governador Renan Filho e para as entidades de representação da sociedade civil, como os conselhos de cultura do município de do Estado, foram construídas durante várias reuniões propostas com demandas sociais, econômicas e jurídicas de acordo com as necessidades dos artistas e técnicos informais das artes cênicas do estado de Alagoas, considerando os impactos causados pela paralisação das atividades.

Entre as principais demandas apresentadas pelo fórum para as autoridades, estão: auxílio emergencial financeiro de um salário mínimo (R$ 1.039,00) para trabalhadores da Cultura, artistas e técnicos autônomos e informais, concedido por 4 meses e cabendo adição desse prazo até o fim da emergência do Coronavírus; distribuição massiva e gratuita de cestas básicas para os/as trabalhadores(as) informais do setor cultural enquanto durar a crise, incluindo itens de higiene pessoal e prevenção, como álcool gel, álcool 70%, água sanitária e sabão; criação de um gabinete de crise da cultura, com participação da sociedade civil organizada, incluindo fóruns representativos dos segmentos culturais e conselhos; e o pagamento de todas as prestações de serviços já contratadas pelo governo e ainda não executadas devido à paralisação das atividades.

De acordo com o FTM, uma das primeiras vitórias em atendimento à carta aberta, foi a criação do Comitê de Crise no Conselho Municipal de Cultura, considerado um passo importante para para a construção de políticas emergenciais em atendimento aos trabalhadores da cultura. Para ampliar o mapeamento dos impactos causados, foi lançado um formulário de pesquisa sociocultural para as pessoas que desenvolvem projetos, trabalhos e outras atividades. “Assim como os dados sobre a Covid-19, há uma subestimação dos casos de artistas que hoje precisam de amparo das políticas assistencialistas de curto e médio prazo. Faz com que trabalhemos sempre no campo do imaginário, do achismo. O mapeamento surge como uma das fontes de levantamento de dados para embasar nossas pautas.” afirma o Fórum, por meio de nota coletiva. De acordo com o Fórum, 73% dos artistas e técnicos que participaram do mapeamento foram diretamente afetados pela paralisação das atividades , sendo que dessa porcentagem, 55% dependia de bilheteria. “Quantificar, regionalizar, racializar tem se feito urgente nesse momento onde muitas são as necessidades e poucos os recursos. Sabemos que ele não chegará a todos, mas já é um bom começo principalmente por construir uma ponte entre o recurso e quem necessita dele”, conclui o fórum.

O Fórum de Teatro de Maceió em sua atual formação, é fruto de um processo articulado de vários trabalhadores do teatro nesta última década, tendo como ponto de partida o “Abraço ao Teatro Deodoro”, ato que conquistou a reabertura do teatro oficial do Estado. O fórum é formado por atores e atrizes sociais presentes em acontecimentos políticos locais e nacionais e na luta por políticas culturais democráticas e participativa.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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