Desde quando o homem, e a mulher, claro, se entendem seres dotados de inteligência, razão e sensibilidade, eles registram seu cotidiano, divagações e questionamentos. Mesmo antes da compreensão do que é arte, o ser humano é artista. É assim que Maria Amélia Vieira e Dalton Costa dimensionam o valor da produção cultural dos artistas populares e justificam sua paixão por uma das maiores coleções de obras da cultura popular no Brasil, reunida pelo casal no Museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, em Maceió.
A instituição realiza um dos seus mais ousados projetos e abre as portas, mesmo que virtualmente, para estudantes e professores de Alagoas conhecerem, se envolverem e discutirem arte popular. Por meio do “Mediação do conceito arte popular em plataforma digital para alunos da rede pública de ensino” o Karandash poderá ser explorado, mesmo durante a pandemia e ainda promoverá uma visitação guiada pelos monumentos da arte popular na capital alagoana.
O casal que criou e gerencia o museu explica que a evolução humana, a inquietude e sua natural curiosidade, fez com que saíssemos em busca de conhecimentos, e qualificação, inclusive na arte. Experiências, descobertas e técnicas formaram artistas cujos trabalhos são valorizadíssimos. A eterna preocupação em retratar beleza e harmonia marcam a história da arte acadêmica. Grandes artistas escreveram seus nomes na eternidade por suas incríveis pinturas e esculturas.
Em paralelo, pessoas simples, sem nenhuma vida acadêmica, também registram suas emoções, observações, folclore, lendas, crenças. Marcam a sociedade com suas linguagens artísticas, com simplicidade, leveza, felicidade, alegria de viver e beleza. São essas histórias e peculiaridades que o Museu Karandash guarda.
“Mantendo as próprias, pessoais e intransferíveis expressões artísticas, se firmando cada vez mais no cotidiano e no consumo de arte, esses artistas vêm se consolidando inclusive no mercado, com seu devido valor”, dizem, ao evidenciar que toda essa aura que envolve o Museu Karandash estará ao alcance de cada vez mais pessoas por meio do novo projeto.
A ação foi viabilizada pela Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio da Prefeitura de Maceió e da Fundação de Ação Cultural de Maceió (Fmac). O projeto foi contemplado pelo edital Mestra Hilda.
O PROJETO
De acordo com os organizadores, além do acervo que parece não ter fim, o Museu Karandash compartilha com a sociedade o conceito do que é arte popular e de como a arte popular foi e continua sendo fundamental para a humanidade.
Com isso em mente, Maria Amélia e Dalton resolveram compartilhar um pouco da história do local com crianças e adolescentes e, além disso, oferecer suporte para que educadores possam incluir a cultura popular de Alagoas em aulas e atividades escolares.
Serão seis “momentos com a turma”, incluindo debates, apresentações e atividades. A maioria ocorre de maneira virtual. Cada uma das atividades possui um produto final, mas o principal é um plano de aula para professores de Alagoas.
“Com a pandemia, a proposta é promover a interação entre os alunos e quatro obras de arte popular disponíveis em espaços públicos, como as esculturas (de seis metros de altura), que contemplam toda a orla urbana de Maceió, originalmente elas que fazem parte da coleção do Museu Karandash”, informam os organizadores.
Na Lagoa da Anta, na Jatiúca, “O Beijo”, de Mestra Irinéia e Seu Antônio; “A Sereia”, de Mestre Zezinho, na orla da Pajuçara, “O Boi”, do Mestre João das Alagoas, na orla de Jaraguá; e “Leão”, de Mestre André da Marinheira, que valoriza a orla do Pontal da Barra. Os estudantes contemplados com a ação poderão conhecer as histórias que estão por trás desses monumentos, que se tornaram parte da paisagem e da memória afetiva da capital alagoana.
A verdadeira imersão virtual na impressionante coleção de arte popular reunida por Maria Amélia e Dalton, pretende contribuir para que professores, alunos e o público em geral, “construam conhecimento de arte a partir de algo que exista na cidade, já que, no plano de aulas, visitas aos locais onde estas quatro esculturas estão inseridas. Serão pequenos grupos, respeitando todas as orientações contra a pandemia, além de viagem virtual por todo o acervo Karandash, que vem de longe e parece não ter fim. Esculturas, pinturas, desenhos, banco de imagens, pequenos documentários, enfim, uma documentação material e imaterial de um segmento importante da arte brasileira. Visitar a Galeria Karandash é perceber um diálogo profundo entre as obras e seus criadores com a coleção. Vale conferir”, pontuam e convidam Maria Amélia e Dalton.
A ação será registrada no Instagram (@galeriakarandash), no Facebook (Galeria Karandash) e no site www.karandash.com.br.