Espetáculo aborda criação do mundo a partir da visão do candomblé
'Cabaça da Criação - Orixás: O sopro Que Deu Vida' será apresentado no dia 27 de dezembro, às 20h, no Centro Cultural Arte Pajuçara
Por THAUANE RODRIGUES * ESTAGIÁRIA | Edição do dia 21/12/2022 - Matéria atualizada em 21/12/2022 às 14h53
Prometendo um espetáculo cheio de sonoridade, axé, cores e uma história que expõe uma versão diferente do habitual sobre o surgimento do ser humano na terra, a peça ‘Cabaça da Criação - Orixás: O sopro que deu vida’ chega ao palco do Centro Cultural Arte Pajuçara no dia 27 de dezembro, às 20h. Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos uma hora antes da apresentação.
Levando rezas cantadas, toques de atabaques e cânticos sagrados, o espetáculo dirigido pelo alagoano Rilton Costa apresenta uma perspectiva que vai além da versão advinda do cristianismo, comumente conhecida. Abordar temáticas que englobam as religiões de matriz africana sempre foi um desejo do artista dos palcos.
Adepto do candomblé e filho do Orixá Logun Edé, o diretor da peça traz algumas das simbologias do sagrado para o teatro, sem que ocorra um desrespeito e sem revelar segredos ritualísticos das casas de axé.
“Nosso objetivo é contar a história que ancestralmente é passada pelos povos Iorubás e pelos adeptos das religiões de matriz africana de culto aos orixás. História boa é história contada e às vezes cantada. Cada um toma para si o aprendizado que acredita ser melhor para sua vida”, destacou.
A ‘Cabaça de Criação - Orixás: O sopro que deu vida’ terá uma personagem feminina representando o Orixá Exú - o senhor da comunicação, entoando as tradicionais àdúràs (rezas cantadas) e tocando atabaque durante a evocação dos outros Orixás.
Junto com Exú, haverá também uma Ialorixá que conta os ìtàns (mitos) para uma filha de santo e ensina, através da oralidade, os saberes e fazeres do candomblé.
A atriz Diamante Preta conta que fazer parte do elenco da peça tem proporcionado para ela um misto de sentimento e emoções. Filha de santo do Ilê Egbé Vodun Aziri, a atriz que é abian está dando os primeiros passos na caminhada no Candomblé, se assemelhando a sua personagem, a Yaô (a filha mais nova) que está cheia de dúvidas e sede de aprender mais sobre a religião escolhida.
“É uma potência me dizer preta e exercer a minha fé com maior liberdade. Desmistificar essa outra visão de mundo cristã em que fomos criados, abrir nosso coração para o novo e perceber o quanto somos lindos da forma que fomos feitos perante aquele que nos criou tem sido incrível e tem me aproximado muito da minha ancestralidade”.
Além de Diamante Preta, integram o elenco a atriz Sirlene Gomes, o ator Gyl Alcântara e a atriz e percussionista Gi Prettah, que faz a parte musical da peça.
Pesquisador e admirador das religiões de matriz africana, o produtor Alex Zampielly afirma que discutir o tema da peça é necessário e o espetáculo consegue difundir para a sociedade essa visão alternativa da criação do mundo. Para ele, o espetáculo será um divisor de águas em Alagoas e fará o público repensar as atitudes e o preconceito enraizado.
“O processo de produção da peça foi intenso, cheio de energia e um cuidado singular com o sagrado. O público pode esperar um espetáculo com muita reflexão, impacto e aprendizado sobre o culto dos Orixás, estou muito feliz com tudo isso”.
“Cabaça da Criação” tem o incentivo da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult-AL), por meio da Lei Aldir Blanc, auxílio distribuído ao setor cultural através de editais regulamentados pelo Governo Federal. O espetáculo é realizado pela Auá Produções, que busca visibilizar temas relevantes para a sociedade, trazendo, mais uma vez, as religiões de matriz africana para o debate e a desmistificação. A produtora foi criada e é dirigida pelo produtor cultural Alex Zampielly, e vem se consolidando no ramo da cultura em Alagoas, Sergipe e Bahia.
*Sob supervisão da editoria de Cultura
SERVIÇO
Apresentação da peça “Cabaça da Criação”
Data: 27 de dezembro
Horário: 20h
Local: Centro Cultural Arte Pajuçara
Ingressos: gratuitos e disponibilizados 1h antes da apresentação
VAGAS LIMITADAS