Do sertão alagoano diretamente para a cidade maravilhosa. As cores, vivências e o olhar atento da artista Roxinha Lisboa chegam neste sábado (6) ao Museu do Pontal, no Rio de Janeiro. A estreia é dupla: além da exposição “Roxinha, Uma vida de novela” ser a primeira mostra individual da artista, também é a primeira do novo equipamento cultural carioca.

70 pinturas e fotos da casa-ateliê da artista ocuparão o foyer e uma das salas de exposição do museu. Maria José Lisboa da Cruz, a Roxinha, retrata em suas obras tudo aquilo que perpassa pelos seus olhos, com referências à TV e ao mundo das novelas. Coloridas e autênticas, muitas obras são acompanhadas de curtos comentários bem-humorados e recheados de liberdade.

Sob a curadoria de André Dantas, Lucas Beuque e Ângela Mascelani, a abertura da mostra também será marcada pela exibição de um documentário sobre a vida de Roxinha, realizado pelo colecionador Celso Brandão.

Artista, esposa e mãe de sete filhos, para Roxinha, a experiência de sair do interior de Alagoas tem sido mágica. Natural de Pão de Açúcar e nascida em 1953, a relação com a pintura surgiu apenas na maturidade. Quando já casada, começou a ‘brincar’ de desenhar com o marido para matar a saudade dos filhos e preencher o tempo ocioso.

Aos poucos, a arte virou rotina e passou a se fazer presente nas paredes e muros da casa. Em 2021, Roxinha começou a pintar em pedaços de MDF e materiais encontrados em terrenos baldios e em caminhadas nas vizinhanças, junto com um dos filhos e o marido.

“Será a minha primeira vez. Além disso, eu nunca fui ao Rio de Janeiro e nunca andei de avião. Estou feliz e ansiosa”, afirma Roxinha, que tem a pintura como atividade diária.

Além da exposição, haverá também oficinas de pintura com a alagoana, que estará acompanhada do marido Domingos e do filho Adeliton, que participam do processo criativo de Roxinha.

Encantado com as obras de Roxinha desde 2021, quando a descobriu em suas andanças pelo sertão alagoano, o curador da mostra, André Dantas, revela que ficou fascinado desde a primeira olhada para a fachada da casa da artista.

“Ela me foi indicada por um morador local e assim que entrei em sua casa encontrei as paredes recheadas de desenhos muito belos. A partir daí, começamos a conversar sobre ela iniciar um processo criativo mais intenso e o resultado está sendo muito significativo”, disse ele.

Com expectativas para a mostra, o curador afirma que esse é um momento muito importante para arte popular alagoana, pois, de acordo com ele, agora a pintura popular alagoana será gravada no mapa com o nome de dona Roxinha, assim como estão a cerâmica, presente em Capela e União dos Palmares, o artesanato em madeira e o bordado boa noite, presentes na Ilha do Ferro.

“Convencer Roxinha para vir ao Rio de Janeiro foi um desafio, mas felizmente deu certo. Ela já encanta todos aqueles que a visitam no povoado Lagoa de Pedra, em Pão de Açúcar, e agora, certamente, irá encantar os cariocas e brasileiros no Museu do Pontal, o maior museu de arte popular do Brasil”, completa André Dantas.

*Sob supervisão da editoria de Cultura