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Nº 5897
Caderno B

Conheça Sandro Regueira, um olhar alagoano no MINC

De uma banda de rock ao cargo de subsecretário no Ministério da Cultura, gestor reflete sobre trajetória como militante, produtor cultural

Por Thauane Rodrigues* | Edição do dia 03/06/2023 - Matéria atualizada em 03/06/2023 às 05h32

 

Foto: Fagno Pinto
 

Movido pela militância e a vontade de fazer dar certo, Sandro Regueira tem levado alagoanidade e suas vivências com a cultura popular potente do Estado para o Ministério da Cultura, mais precisamente para a Secretária de Gestão de Prestação e Tomadas de Contas.


O alagoano no MinC cresceu no bairro da Serraria, em Maceió, e diz guardar com afeto todos os valores ensinados pela família durante a infância e adolescência. A vida de Sandro sempre foi marcada por momentos importantes e que refletem até hoje em suas ações. A primeira, de acordo com ele, sem dúvida alguma, foi sua entrada como bolsista em um colégio particular da capital alagoana.


Com a música sempre presente em sua vida, a vontade de ser artista, que existia desde quando era costume imitar o Michael Jackson, foi crescendo e virando objetivo profissional com os estímulos culturais vindos da escola, tanto que uma banda de rock surgiu e perdurou durante um certo tempo.


“Minha vontade de ser artista foi crescendo com o passar dos anos e minha família foi se preocupando cada vez mais com isso, nunca me desestimularam, sempre me apoiaram na medida do possível, mas sabiam que o caminho não seria tão fácil assim”, contou Sandro.


Ainda na adolescência, foi nos alfarrábios do Centro de Maceió e numa banca de jornal perto de casa que Sandro descobriu a literatura sobre a esquerda. De acordo com ele, foi dessa forma que ele encontrou os livros sobre Che Guevara e outros.


“Fui lendo e gostando, com 14/15 anos eu já tinha certeza que era um cara da esquerda. Assim que completei 16 anos, me filiei ao PT, nunca por uma questão de cargo, mas por acreditar e amar tudo aquilo”, disse ele.


A banda, que chegou a fazer alguns trabalhos, teve seu auge local durante os anos de 2009/2010, e foi mais um dos períodos marcantes e definidores da vida de Sandro. Decidido que queria viver da música, o jovem alagoano começou a pensar a longo prazo e buscar formas para tornar o sonho possível. A partir disso, Sandro decide estudar e se tornar Relações Públicas para, de alguma forma, conseguir mais proximidade com o mundo do eventos e, consequentemente, da música.


“Eu sabia que a partir dos editais, projetos de governo, era possível conseguir recursos e fazer aos poucos o que eu tanto sonhava no mundo da música. Foi quando entrei como estagiário na equipe da Fundação Municipal de Ação Cultural, durante a gestão de Rui Palmeira e fui descobrindo o universo dos projetos, minha escola”, relembrou ele.


Aos poucos, cada vez mais, Sandro foi embarcando no universo da cultura popular, indo além das paredes da FMAC e se dedicando ao trabalho de execução de emendas parlamentares, que o possibilitaram trabalhar com ONGs, grupos culturais, mestres da cultura popular e muitos outros.


“Uma vez uma pessoa querida me disse que se perguntarem quem é o Sandro é fácil me resumir como um cara que canta, faz uns projetos, só vive fazendo faculdade e é do PT. Sou um petista desde 2004, e não tem como deixar a militância partidária fora da minha vida, porque eu sigo acreditando muito na militância”, disse.


Sendo uma grande surpresa, a chegada do convite para ingressar na equipe do Ministério da Cultura foi mais uma onda de fortes emoções para Sandro Regueira. De acordo com ele, a notícia chegou quatro dias antes do ano acabar e não era algo esperado ou, sequer, pleiteado, pois, no momento, os pensamentos e planos do alagoano estavam voltados para os projetos de 10 anos atrás, a retomada de sua banda e na reforma de seu estúdio.


O alagoano, de forma sensível e humanizada tem buscado levar para o Ministério da Cultura uma nova forma de olhar para os fazedores de cultura de todo Brasil.


Com uma rotina intensa e muito trabalho para reconstruir a cultura no País, Sandro afirma que nunca esteve tão satisfeito profissionalmente como está agora, pois está conseguindo levar um pedaço do povo de Alagoas para dentro do Ministério da Cultura. O alagoano ainda afirma que o jovem Sandro, lá de 2016, que fez parte da ocupação do Iphan, com toda certeza está orgulhoso de quem se tornou.


“As impressões digitais de Alagoas estão dentro do Decreto do Fomento, das Instruções Normativas 1 de 2023, da plataforma TransfereGov, da implantação da Lei Paulo Gustavo. Os fazedores de cultura de Alagoas são os mestres dos nossos folguedos, que trazem com eles uma cultura muito bonita, muito sábia, mas pouco conhecida do ponto de vista formal. A capacidade técnica não pode ser avaliada pelos trabalhos espetaculares que foram apresentados no passado, mas sim pela vontade e disposição para fazer acontecer”, disse ele.


“Gestões, de modo geral, têm uma tendência muito grande a virar um centro tecnocrata, de discutir uma realidade em que nunca esteve presente. E minha missão dentro do MinC é trazer um olhar humanizado, tudo isso utilizando das vivências que tive dentro de Alagoas, os projetos que fiz dentro dos Pontos de Cultura, do terreiro de Mãe Vera, por exemplo. É necessário que os fazedores de cultura consigam entender os processos dos editais, principalmente os que estão fora das capitais”, completou o Subsecretário da SGPTC.


O subsecretário ainda adiantou que o Ministério da Cultura tem planos para Alagoas. Segundo ele, uma das propostas, em conjunto com o Instituto Federal, é disponibilizar cursos mais voltados para a produção cultural.


Além disso, segundo ele, a história alagoana também está no radar do MinC, principalmente o episódio do Quebra de Xangô de 1912, a história de Tia Marcelina e o fato do nome de uma das maiores avenidas de Maceió carregar o nome de Fernandes Lima, um dos políticos responsáveis por um dos piores crimes de ódio praticados no País.


“Alagoas tem um peso simbólico no Brasil e queremos que essa contribuição se transmute em projetos e em uma política de memória, que já deveria ter sido fomentada dentro do país há muito tempo”, finalizou Regueira.


* Sob supervisão da editoria de Cultura.

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