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Nº 5865
Caderno B

Grupos de coco de roda se reinventam e mantêm vivos tradicionais

Manifestação cultural ganha ainda mais força no período de São João

Por Thauane Rodrigues* | Edição do dia 24/06/2023 - Matéria atualizada em 24/06/2023 às 04h55

 

Foto: : Cortesia
 
Se reinventando e movimentando a juventude dos mais variados bairros de Maceió, os grupos de Coco de Roda resistem e fazem, anualmente, verdadeiros espetáculos com a pisada do ritmo, propagando o amor pela cultura popular e mostrando para o público que é possível misturar o tradicional com a modernidade.

Pisando miudinho, neste final de semana, os grupos estão levando muita arte, cor e alegria para o Festival Municipal dos Cocos de Roda, que está acontecendo no estacionamento do Mercado 31, próximo ao Porto de Jaraguá, a partir das 19h. Organizado pela liga responsável pelos grupos, o evento não conta com competição este ano, mas não deixa de ser um dos maiores espetáculos da época junina.

Desenvolvendo um trabalho desde 2006, a Liga dos Cocos de Roda de Alagoas, presidida por Elvis Pereira, revela que ainda está se reerguendo dos impactos causados pelo período pandêmico, por isso, o concurso não foi realizado neste mês de junho.

“Aos poucos nós estamos retornando à cena cultural e felizes por estarmos vendo novos grupos de coco surgindo, não é fácil fazer cultura e nosso segmento precisa de mais atenção, mais valorização, mas estamos seguindo e fazendo o possível para resistir”, disse Elvis.

Sendo patrimônio imaterial de Alagoas, de acordo com o presidente da Licoal, o título não vale de muita coisa quando não existe mais investimentos nos grupos culturais. “Nós movimentamos vários bairros, centenas de participantes, ensaiamos sem estrutura nenhuma e não contamos com a ajuda das autoridades. Precisamos de ajuda e valorização durante o ano inteiro!”

 

Foto: : Cortesia
  
Retornando à intensa rotina do período junino, as apresentações e os ensaios constantes têm sido satisfatórios e gratificantes para os amantes das festas juninas e participantes dos grupos de coco de roda. Se preparando para o festival e o concurso alagoano, que está previsto para acontecer em agosto, há meses os grupos estão no processo de produção para que tudo saia como planejado.

Com 23 anos de história e tradição, o Coco de Roda Xique-Xique está reservando o novo espetáculo para o concurso alagoano, visando ir em busca de mais uma vitória e atingir a marca de nove competições ganhas.

De acordo com o coordenador Nilton Rodrigues, o tema escolhido para 2023 foi o “Trabalhando em Roda de Verso” e o público pode esperar muita emoção e tradição com um enredo bem típico do povo alagoano.

“Nossa maior alegria é produzir, a cada ano, um espetáculo maior e mais belo para nossa comunidade. Para nós, que amamos o grupo e o coco alagoano, a cada ano é uma contagem regressiva para viver os grandes momentos de nossas vidas, subir no tablado e nos apresentar é a maior alegria que temos”, disse ele.

 

Foto: Reprodução
  
A bailarina do Coco de Roda Reis do Cangaço, Vitória Santos, revela que se apaixonou pelo grupo e pela cultura desde o primeiro ensaio. Hoje em dia, o coco de roda é uma das prioridades.

Dançando há oito anos, segundo ela, foi dentro do coco de roda que ela encontrou uma fuga para os problemas do dia a dia, aguardando fielmente todos os ensaios para acalmar seu coração na pisada do coco.

“Este ano, estamos trazendo uma homenagem à Iemanjá, com o tema ‘Para Lavar a Alma’. São meses ensaiando duro para que tudo saia perfeitamente bem. É inexplicável a sensação de fazer tudo isso acontecer, sempre nos perguntando se tudo vai dar certo, mas com o coração grato e a sensação de dever cumprido”, disse ela.

 

Foto: Reprodução
  
Já o Coco de Roda Babaçu, embarca na temporada de 2023 com o tema ‘Povoada - Eu sou uma, mas não sou só’. Kleverton Gardony, coordenador geral do grupo, explica que a inquietação que fez surgir o tema foi a evolução do coco até os dias atuais.

“Percebemos que o coco foi se expandindo com o tempo e povoando os mais diversos lugares e daí surgiu nosso tema. Escolhemos cores quentes, mais terrosas, pensando nas pisadas do coco e no povo nordestino”, explicou ele.

O coordenador afirmou que o público pode esperar um coco estilizado, mas sem deixar de lado as raízes tradicionais, com muitas pisadas e evoluções. Gardony ainda ressalta que o objetivo é que em cada apresentação seja possível semear as pessoas e povoar os locais, levando a identidade do Babaçu, as homenagens as ‘mulheres-marias’ e os diversos cocos existentes pelo Brasil.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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