Fazendo parte do crescimento potente do cinema alagoano, o curta-metragem ‘Diafragma’, do roteirista e diretor Robson Cavalcante tem se destacado nos festivais brasileiros. Produzida em Teotônio Vilela, no interior de Alagoas, a animação retrata de forma sensível e lúdica a história do pequeno Carlos e seus dilemas.

Sendo contada através do ponto de vista do protagonista, a obra mostra como o adolescente lida com o diagnóstico da diabetes e a descoberta que logo deixará de enxergar, por causa da doença.

A inspiração no tema da cegueira, que fez nascer o curta-metragem, de acordo com Robson Cavalcante, despertou muito antes, ainda na época em que estava terminando o TCC na faculdade de Música da UFPB, onde adotou como tema de pesquisa “O Ensino de Música para Pessoas Com Deficiência Visual”.

“Conversei com várias pessoas que tinham perdido o sentido da visão ou nascido cegas. Essas histórias me marcaram muito. O personagem Carlos foi inspirado em alguns desses relatos que ouvi. Então, trata-se, em parte, de um personagem inspirado em ‘vidas reais’” , contou ele.

Para Robson, é importante refletir sobre o assunto e desenvolver a empatia por pessoas que vivem com a cegueira e com outras deficiências. E fazer isso, principalmente, sem capacitismo.

O roteirista e diretor de ‘Diafragma’ ainda revela que, inicialmente, os planos eram que a obra fosse um live-action, mas terminou sendo convencido a transformar em uma animação, visando atingir também o público infantojuvenil e abordar o tema de forma mais leve.

“A linguagem da animação poderia dar à narrativa um toque mais lúdico e permitiria explorar mais elementos da fantasia, já que o protagonista do filme é alguém com a imaginação aguçada”, conta o diretor.

O processo de criação do curta-metragem ultrapassou diversos obstáculos e proporcionou para os integrantes do projeto diversos aprendizados, pois foi necessário mergulhar a fundo no universo das animações e lidar com um orçamento apertado.

“Ao trabalhar em alguns projetos, às vezes precisamos nos desvencilhar de uma série de crenças limitantes, e eu tinha várias relacionadas à animação. Achava quase impossível. Nesse sentido, o trabalho em equipe, o acesso à internet, a materiais de estudo, e a pessoas com mais experiência foram fundamentais. A grande lição foi que é possível aprender, com paciência e persistência”, disse Robson.

EM EXIBIÇÃO

A obra, que vem se destacando e elevando o nome do cinema alagoano, teve sua estreia no Festival Internacional de Curitiba, uma das mais importantes janelas para o cinema contemporâneo no País. Além disso, a animação integrou também a mostra Pequenos Olhares, a mostra itinerante do festival, com sessões em 20 cidades do interior do Paraná.

O público de Alagoas e do resto do Brasil pode assistir o filme atráves da mostra online que está acontecendo na plataforma Itaú Cultural Play (itauculturalplay.com.br), até o dia 04 de julho.

Feliz com a boa repercussão que ‘Diafragma’ vem tendo, o alagoano Robson Cavalcante afirma estar grato pelos acontecimentos e já está com novos projetos em desenvolvimento, entre eles estão um live-action e outra animação, sendo de ficção científica e aventura, ambos ambientados no interior de Alagoas.

“Até que o filme seja lançado, é como se ele não existisse por completo. A partir do momento em que várias pessoas começam a assisti-lo, há uma sensação de que um filho nasceu, então é um misto de alívio por ter concluído mais uma etapa e de gratidão por poder compartilhar um filme sobre um tema pouco explorado”, disse ele.

*Sob supervisão da editoria de Cultura