SABER ANCESTRAL
Documentário registra a tradição da renda de bilros em São Sebastião
Produção valoriza o saber das rendeiras do Agreste alagoano e revela os detalhes da técnica centenária


A produtora Riacho Doce está em fase de gravação do documentário Bilros, que se debruça sobre a tradição e a técnica da renda de bilros no município de São Sebastião, no Agreste alagoano. A produção, financiada com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura e Turismo de São Sebastião, propõe um mergulho sensível nas práticas das rendeiras que mantêm viva, há gerações, essa arte popular.
Com linguagem documental e antropológica, o curta-metragem busca registrar tanto o gesto quanto a memória. Segundo o diretor Waldson Costa, a atenção das câmeras está voltada aos objetos – jogos de bilros, almofadas, linhas, gabaritos e alfinetes – que, em mãos experientes, transformam-se em ferramentas de criação de rendas complexas e refinadas. “A narrativa sonora contempla a tradição e as memórias das habilidosas rendeiras que resguardam há gerações o segredo da renda de bilro em São Sebastião”, explica.

A proposta do filme é colocar o espectador como observador direto do fazer manual, valorizando a lógica, a cadência e a beleza natural do trabalho das rendeiras. “Quem já teve a oportunidade de ver as rendeiras de São Sebastião trabalhando vai compreender bem a linguagem deste curta-metragem. A técnica do bordado possui uma estrutura lógica; mas, ao nos depararmos com a prática, com a feitura manual, vemos o quanto todo o bailar dos bilros é natural e envolvente. É essa sensação que queremos demonstrar”, afirma o diretor.
Além de documentar o processo técnico, o curta destaca a relevância da renda como parte da identidade cultural do município e do patrimônio material e imaterial brasileiro. Ao longo de seis meses de produção, a equipe registrou imagens e relatos que serão reunidos em uma obra que pretende emocionar, ensinar e preservar.

A previsão é que o documentário seja lançado ainda este ano, com exibições públicas voltadas à comunidade e ao público interessado em arte popular e memória cultural.
