NOVIDADE
Nova plataforma de conteúdo cultural chega 100% focada em produções da Amazônia
Sommos Amazônia promete reunir filmes, livros, séries, músicas, artes visuais e até culinária originária da região amazônica


Apresentar o Brasil para o Brasil. Esta é a proposta da Sommos Amazônia, uma plataforma de conteúdo inédita que reúne streaming, livros, arte e e-commerce, inteiramente dedicada à distribuição digital dos conteúdos culturais da Amazônia.
Lançada essa semana, a plataforma pretende ser um holofote para os produtos artísticos e criativos desenvolvidos e idealizados na região da Floresta Amazônica. Ela chega no mesmo ano em que Belém sedia a COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
“Nossa ideia é proteger a Amazônia a partir da percepção da escassez de espaço nas mídias nacionais e internacionais para a produção cultural da região”, explica ao Estadão o CEO e fundador Alexandre Agra. “Mas partimos também da percepção que só se pode proteger o que se conhece. Queremos promover a distribuição e difusão de conhecimentos sobre a região”.
Ele também ressalta que a escolha da região como foco do projeto foi feita antes de a COP 30 ser anunciada no Brasil, e que, claro, ela trará visibilidade, mas a ideia é ir além.
Já neste primeiro momento da plataforma, estarão disponíveis 300 filmes, 30.000 músicas, 2.500 livros, mais de 750 obras artísticas e um glossário de alimentos e ingredientes regionais composto por 330 verbetes. Obras como Amazonas - O Maior Rio do Mundo (1992), de Silvino Santos, Brincando nos Campos do Senhor (1991), de Hector Babenco, e lançamentos recentes como a série Olhares do Norte, produzida no Pará, integram o catálogo do serviço, cuja assinatura custa R$ 9,90 mensais.
Para os idealizadores do projeto, reposicionar a Amazônia no mercado global da economia criativa tem relação direta com a necessidade de tornar produções brasileiras mais acessíveis ao público do próprio País. A proposta, a médio e longo prazo, é contemplar os outros países que compõem a Pan-Amazônia e aprofundar a curadoria para abraçar de forma mais ampla possível a diversidade da região.
“A gente está falando de mais de 60% de Brasil. A Amazônia cobre mais de 60% do país. Se você pensar só em línguas indígenas, são mais de 180 faladas só na Amazônia”, explica a gestora cultural e diretora-executiva Mariana Dupas. “Existe um número enorme de artistas e produtores na região, mas com uma estrutura ainda pouco desenvolvida. Os principais desafios que a gente enfrenta é a própria profissionalização e estruturação desses produtores e autores do território”.
“Nos deparamos com produções incríveis e produções muito potentes que ainda não estão formalizadas ou registradas em distribuidora ou editora. A ideia é que a gente também viabilize uma série de projetos para auxiliar nesses processos”, contextualiza.
“Quando a gente elegeu a Amazônia, houve essa feliz coincidência, porque de todas as cinco regiões do país, a Amazônia é a que melhor representa a imensa diversidade cultural do próprio Brasil”, completa Agra. “Nenhuma outra tem tanta pluralidade, tanta diversidade”.
O que encontrar na plataforma
A plataforma é dividida em sessões como filmes e séries, música, artes visuais, alimentação e loja, e cada uma delas oferece uma gama de opções de entretenimento e conhecimento geradas na região amazônica. Na parte musical, por exemplo, é possível escutar clássicos de gêneros variados, do tecnobrega ao indie amazônico e até cantos indígenas.
Já na parte de livros há destaques como Dois Irmãos, de Milton Hatoum, Amazônia Colônia do Brasil, de Violeta Loureiro, Sob os Tempos do Equinócio, de Eduardo Góes Neves, e Faz Escuro Mas eu Canto, de Thiago de Mello. Na loja virtual serão vendidos desde artesanatos a ingredientes alimentícios. A renda será distribuída a toda a cadeia produtiva.
Mas ocupar este espaço significa também concorrer com grandes empresas, plataformas de streaming internacionais que ocupam uma grande parcela do mercado e, na maioria das vezes, com uma parcela mínima de séries, filmes e músicas locais.
“A barreira é o acesso à produção cultural”, afirma Alexandre. “Tenho 45 anos de mercado, passei por todas as mídias eletrônicas. O brasileiro é apaixonado pela própria produção, ele gosta de se ouvir e se ver. O problema não está relacionado à quantidade ou à qualidade da nossa produção, seja audiovisual ou da música. A questão é a distribuição. No século passado, nós dos países do Eixo Sul perdemos o campeonato das mídias físicas. Existiu uma hegemonia norte-americana. Agora, com as novas tecnologias, temos uma nova chance de reposicionamento”.
“Todos esses espaços estão dominados pelos conteúdos internacionais que vêm dessas grandes distribuidoras e desses grandes streamings”, completa Mariana. “Eles chegam com um rolo compressor, com uma potência, um poderio econômico e um espaço que a gente não consegue competir. Faltam espaços para a gente poder olhar para a nossa produção. E, quando a gente olha, a gente fica encantado".