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TRANSFORMANDO VIDAS

Instituto fomenta a leitura, a cultura e a cidadania em Murici

Ações realizadas pelo Instituto Lenira Tenório têm o objetivo de transformar vidas

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Ação do Instituto Lenira Tenório promove a aproximação dos jovens com os livros
Ação do Instituto Lenira Tenório promove a aproximação dos jovens com os livros | Foto: Divulgação

O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire dizia que é preciso que a leitura seja um ato de amor para que o indivíduo compreenda o mundo e a si mesmo. Já o autor dos atemporais livros 1984 e A Revolução dos Bichos, George Orwell, afirmava que “uma vida sem leitura é uma vida sem esperança”. O escritor, nascido na Índia britânica no início do século XX, defendia que a literatura desempenha papel importante na formação política do indivíduo, assim como na forma que cada um enxerga o mundo.

Para Diógenes Tenório Júnior, que nasceu em Murici, a leitura “é um instrumento poderoso de libertação pessoal e coletiva”. Foi pensando nisso que ele, advogado, escritor e membro da Academia Alagoana de Letras, fundou em agosto de 2024 o Instituto Lenira Tenório, uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada para desenvolver ações que se conectam com a leitura, a cultura e a cidadania.

Mais que um instrumento de fomento à leitura, o instituto nasceu com o propósito de promover ações que coloquem a educação como um alicerce que transforma vidas, vence as desigualdades sociais e gera oportunidade de emprego e renda.

Instituto nasceu com o objetivo de transformar vidas por meio da cultura e da leitura
Instituto nasceu com o objetivo de transformar vidas por meio da cultura e da leitura | Foto: Divulgação

“Queremos incentivar a solidariedade e o acolhimento ao próximo, realizando ações que contribuam para uma sociedade mais humanizada. Firmaremos parcerias com órgãos públicos e entidades privadas, construindo uma linha de atuação que tem como prioridade máxima o desenvolvimento humano, em todas as suas dimensões”, destaca Diógenes Tenório, que também é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.

Assim como George Orwell, que atribuía à literatura a capacidade do ser humano de viver com esperança, Diógenes Tenório ressalta que a literatura foi o seu caminho de “autoconhecimento, de sensibilidade social e de capacidade de sonhar”.

Criado como “menino do interior”, de classe média baixa e aluno de escola pública até o final do ensino fundamental, ele ainda era muito pequeno quando teve seu primeiro contato com os livros. Com sete anos, leu Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, em uma biblioteca pública que existia em Murici.

“Foi como se um novo mundo se descortinasse diante dos meus olhos. Uma paixão fulminante, que permanece viva até hoje”, descreve ele.

Foi com essa vivência de interior que ele criou o ILT, com foco na realização de atividades de fomento à cidadania, com ênfase no incentivo à leitura e no apoio às manifestações artístico-culturais da comunidade, especialmente da juventude.

Jovens entram em contato com a literatura e a leitura
Jovens entram em contato com a literatura e a leitura | Foto: Divulgação

Em março deste ano, por exemplo, o instituto realizou a primeira Feira de Doação de Livros, considerada por Diógenes uma experiência exitosa. Foram distribuídos gratuitamente 500 livros das mais diversas áreas. O grande destaque foi o interesse dos estudantes da rede pública, que correram em massa ao evento.

“As crianças e os jovens ficaram empolgados e participaram ativamente, pegando os livros e conversando com os autores presentes”, afirmou o fundador e também procurador jurídico do Instituto Lenira Tenório.

Depois do sucesso da primeira edição, o instituto pretende realizá-la anualmente, e, em menor dimensão, nas escolas do município, selecionando uma unidade de ensino a cada seis meses.

“O papel da literatura é fundamental na construção da cidadania. Cremos ser possível transformar a forma de ver o mundo, de enxergar a si mesmo como protagonista da sua própria história. Como diz o filósofo Leandro Karnal, ‘ler é permitir-se ser mais’”, explana o escritor.

Ele reforça que há crianças e adolescentes que nunca haviam tido um livro ou lido alguma obra literária. “Estão empolgados com essa experiência. É uma semente muito positiva”, pontua ele.

Muitas crianças e jovens estão entrando em contato com o livro pela primeira vez após o instituto
Muitas crianças e jovens estão entrando em contato com o livro pela primeira vez após o instituto | Foto: Divulgação

O instituto leva o nome Lenira Cavalcante Tenório, mãe de Diógenes Tenório, que a descreve como “uma mulher marcada pelo amor ao próximo, pela fé e pelo compromisso com o bem comum”.

Nascida em 1934, em Murici (AL), dedicou grande parte de sua vida ao serviço da comunidade. “Católica fervorosa, destacou-se por sua gentileza, simplicidade e generosidade, sempre disposta a ajudar, ouvir e aconselhar. Seu legado de bondade, amizade e serviço atravessou gerações, deixando uma marca profunda na memória da cidade”, descreve ele.

O Instituto Lenira Tenório já tem outros projetos programados que ultrapassam a esfera da leitura. “Temos muitos sonhos e projetos para realizar, com a graça de Deus”.

Dentre eles, estão o de fazer do ILT um ponto de cultura; realizar o levantamento dos artesãos muricienses, cadastrando-os para participar de feiras e exposições; instalar um Museu de Arte Popular, com destaque para obras dos artistas da terra; editar uma coletânea de escritores muricienses; reeditar livros de autores muricienses já falecidos; realizar a Feira Literária de Murici.

Outras ações também estão previstas, como o projeto “Encontro com o Autor”, em que um escritor alagoano vai conversar com os alunos, na própria escola, sobre seus livros e o seu fazer literário.

Está em andamento ainda o projeto “Música na Matriz”, que consiste na apresentação de música clássica por intérpretes alagoanos na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça.

Já o projeto “Poesia Musicada” promoverá saraus com declamação de poesias e apresentação musical em bares e restaurantes da cidade.

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