EM RIACHO DOCE
Brincadeiras ganham vida em arte pincelada por vigia em muro de escola
Ildo Pereira Galdino mostrou todo o seu talento ao aproveitar sobras de tinta e colorir escola


Brincadeiras de infância que começaram a ser substituídas pela tecnologia e os jogos eletrônicos foram revividas nos muros da Escola Estadual Antônio Vasco, no bairro de Riacho Doce, em Maceió. Elas ganharam vida e movimento ao serem pinceladas pelas mãos do vigia da unidade de ensino, Ildo Pereira Galdino, que mostrou todo o seu talento por meio da criatividade e encantou a comunidade escolar.
A ação de reunir amigos para jogar bola, seja na rua ou em qualquer espaço a céu aberto, foi bem representada nas paredes internas da escola. As mãos de Ildo Pereira deram forma às linhas e contornos que criaram três amigos jogando alegremente em um campo aberto e ensolarado.

Outras brincadeiras infantis também foram rememoradas na parede escolar pelas mãos do vigia: nelas, há meninos e meninas se divertindo ao soltar pipa, ao brincar no balanço instalado em uma árvore, ao pular corda, ao apreciar flores num jardim, ao se movimentar no bambolê. Todas elas expressam alegria, leveza e coleguismo, influenciando para o bom espírito em comunidade.
“Rabisquei alguns desenhos no papel e depois desenhava na parede e saia dando forma, e a criatividade fluía”, afirmou o vigia Ildo Pereira.
Tudo começou em novembro de 2024, quando a diretora da escola Kátia Pimentel convidou o artista plástico paraense Guataçara Monteiro para conhecer a história da comunidade e contribuir com o colorido, levando sua arte para os muros da escola. Na parte externa, os talentos de Guataçara se misturaram aos olhares curiosos dos alunos que, ao final, também contribuíram com a escalada da pintura que tomava conta do muro.

“Foi uma experiência cheia de alegria e emoção. Fui acolhido com tanto amor pelos alunos e funcionários que cada pincelada se tornou ainda mais especial. Compartilhamos histórias, sorrisos e o poder transformador da arte”, disse o artista plástico, que comentou ainda: “Hoje ele não é só cor, é símbolo de transformação! Valeu a pena cada pincelada”.
Guataçara deixou a sua arte estampada na parte externa da escola, mas havia na unidade de ensino mais uma pessoa que sabia que podia contribuir para deixar o clima ainda mais completo: o vigia Ildo Galdino.
O vigia conta que, no final de dezembro, percebendo que havia sobrado tintas e que o produto estava endurecendo, teve a ideia de retratar brincadeiras populares. Desta vez, na parte interna do muro.

Ildo relata que os alunos se entrosaram com os desenhos, identificando-se com eles e falando sobre aqueles que mais gostavam.
“A arte por si só já é transformadora, e quando você incorpora as cores com criatividade tudo fica mágico, a sensação de paz, a vontade de ficar contemplando, é fantástico”, explanou o vigia.
Ildo conta que a arte sempre fez parte de sua vida, seja num muro, num papel ou mesmo num quadro. Ele já fez, inclusive, trabalhos em quartos de bebês e fachadas de casas. “Quando se faz o que gosta, o trabalho se torna um prazer. Como falei para uma aluna: ‘O céu é o limite’”.
A diretora da escola Kátia Pimentel lembra que, antes da pintura de Ildo e do artista plástico Guataçara, a escola era composta por uma única cor, sem poder de atração dos olhares das crianças.

Mas a chegada da arte do paraense, complementada com a do vigia escolar mudou o clima na unidade de ensino, tornando-o mais alegre, contagiante e vibrante. Segundo ela, as crianças se orgulham do espaço, posam para fotos e usam a imaginação para brincar com os desenhos.
“A comunidade escolar ficou encantada. A parte interna do muro foi ganhando cores e as crianças foram se encantando e sugerindo brincadeiras populares que pudessem fazer parte dessa pintura. Além disso, algumas crianças foram homenageadas com as imagens, o que deu a elas um pertencimento do ambiente”, pontuou a diretora.
Ela descreve Ildo como um profissional que contribui e interage com a comunidade escolar. “Ele realiza brincadeiras, tem habilidades de comunicação e está sempre atento ao que está acontecendo no ambiente escolar. Tem um olhar voltado para a arte. Percebeu que, com as sobras das tintas, a parte interna do muro poderia ganhar vida com sua arte”, enfatizou a diretora da unidade de ensino.

Para ela, a arte cumpre papel importante na aprendizagem, pois desenvolve o pensamento artístico e possibilita aos estudantes organizarem seus sentidos e desenvolverem a criatividade em outras áreas da vida. “A convivência escolar vai melhorando à medida que as crianças compartilham pincéis, lápis, cor, tintas. Aprendem a conviver no coletivo, dividindo material”, complementa Kátia Pimentel.
Já Ildo, define a arte como o poder de fazer o bem e estender essa bondade para todos os âmbitos da existência humana.
“A tarefa dos vivos é viver, e se a gente vive bem e fazendo o bem, a gente só tem a ganhar. É muito bom quando as pessoas reconhecem nosso trabalho, eu nunca imaginei que fosse repercutir tanto, gratidão a todos que contribuíram com esse projeto”, finalizou ele.