CULTURA NAS CAPITAIS
Levantamento inédito traça raio-x dos hábitos culturais da população maceioense
Pesquisa mostra desejo da população de frequentar mais espaços e aponta necessidade de investimentos


O desejo dos maceioenses de frequentar espaços culturais, como teatro, shows musicais, cinemas e museus ficou evidente no resultado da pesquisa Cultura nas Capitais, considerado o maior levantamento já realizado sobre o tema no Brasil. Os dados mostram o potencial de crescimento e a necessidade de maior investimento em equipamentos para ampliação da oferta de eventos que possam matar a sede de cultura da população.
A pesquisa, inédita, revelou um retrato detalhado dos hábitos culturais da população de Maceió, destacando preferências, limitações de acesso e oportunidades de crescimento no setor. Realizada em todas as capitais e no Distrito Federal, ela entrevistou 19.500 pessoas, sendo 600 delas na capital alagoana.
Os resultados mostram que Maceió tem um dos menores índices de acesso a museus (11%), mas surpreende por ter o maior público potencial do país para essa atividade: 40% dos moradores que não foram, afirmam ter grande interesse em visitar museus. Ou seja, há uma lacuna entre desejo e acesso que pode ser explorada por políticas públicas e iniciativas culturais.
Mas muitos outros dados também chamam a atenção, como o fato de Maceió ser uma das capitais em que o teatro é mais frequentado - 14% dos moradores relataram idas ao espaço, bem acima da média nacional de 5%. Os teatros Gustavo Leite, no Jaraguá, e o Deodoro, no centro da cidade, figuram entre os mais citados pelos entrevistados. No entanto, a taxa de acesso ao teatro ainda é baixa, ficando em 19%, e 35% dos que não foram a um desses espaços demonstram vontade de ir, sinalizando potencial de crescimento.
SÃO JOÃO É DESTAQUE
As festas populares, especialmente as festas juninas, ocupam lugar de destaque na cultura local. Para 33% dos entrevistados, ela é o evento mais importante da cidade. E entre os que participaram de festas populares, 87% compareceram ao São João, sendo esse o maior índice entre todas as capitais. Já o Carnaval foi citado por apenas 5% dos moradores.
A música também tem papel central no cotidiano dos maceioenses. Os ritmos mais ouvidos são o forró, a música romântica, o brega e o reggae. E embora 38% da população tenha ido a shows no último ano - número próximo da média nacional, de 41% - há espaço para crescer: entre os 62% que não foram, 26% manifestaram interesse, o que elevaria o público potencial para 64%.
No campo da dança, Maceió também se destaca. Um percentual de 20% dos entrevistados já assistiram a apresentações e, entre os que não foram, 35% disseram ter vontade de ir — o maior percentual entre as capitais. Isso posiciona a cidade como um polo promissor para espetáculos de dança, caso sejam ampliadas as ofertas e acessos.
Apesar do gosto pela leitura, considerando que 50% dos entrevistados leram ao menos um livro no ano anterior à pesquisa, o acesso às bibliotecas ainda é tímido, com apenas 17% de frequentadores, contra 25% da média nacional. A Bienal do Livro, no entanto, foi lembrada por 8% dos entrevistados como um dos eventos mais relevantes da cidade.
Outras atividades culturais, como cinema (34%), saraus (8%), concertos de música clássica (2%) e visitas a locais históricos (29%), apresentam, em Maceió, índices abaixo da média nacional. Ainda assim, o levantamento aponta que boa parte da população deseja participar mais ativamente dessas atividades.
Além de mapear os hábitos, a pesquisa investigou os valores atribuídos à cultura. Em Maceió, 84% dos entrevistados afirmaram que a cultura tem grande importância em suas vidas, principalmente para o bem-estar, e 88% acreditam que o Poder Público deveria dar mais atenção ao setor. A acessibilidade (87%) e a abordagem étnico-racial (82%) também foram destacados como critérios fundamentais para a escolha das atividades.
“Maceió apresenta potencial para ampliar o acesso às atividades culturais. Uma parte expressiva dos entrevistados que não compareceram a eventos e espaços de cultura manifestou grande desejo de frequentar, várias vezes num patamar que é o maior que encontramos em todas as capitais. Isso representa não só uma oportunidade de ampliação do público, mas também de geração de emprego e fortalecimento do turismo”, avalia João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte, responsável pela pesquisa em parceria com o Itaú, Instituto Cultural Vale e o Ministério da Cultura.