Lembran�as fazem passista rejuvenescer
Quando for a um asilo, leve doações, carinho, atenção e tempo disponível. Fale menos e escute mais: grandes histórias de vida começarão a saltar à sua frente, das bocas daqueles senhores e senhoras com a pele envelhecida pela ação do tempo. Histórias como
Por | Edição do dia 01/12/2013 - Matéria atualizada em 01/12/2013 às 00h00
Quando for a um asilo, leve doações, carinho, atenção e tempo disponível. Fale menos e escute mais: grandes histórias de vida começarão a saltar à sua frente, das bocas daqueles senhores e senhoras com a pele envelhecida pela ação do tempo. Histórias como a do passista, estivador, garçom e fundador da Escola de Samba Unidos do Poço, Nivaldo Ferreira, 78 anos. Com a mocidade guardada no coração, as memórias o fazem rejuvenescer. O mestre-sala da velha guarda só fica em pé com o apoio de um andador, mas samba com o brilho dos olhos e o sorriso brejeiro, principalmente ao ativar sua máquina do tempo cerebral e retroceder aos áureos momentos em que foi morar na então capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Na década de 50, as pernas de Nivaldo sambavam nas gafieiras, rodas de bambas e desfiles das escolas na Praça Onze, na época em que o samba e o negro passaram a ter lugar de destaque no carnaval carioca. Fui campeão duas vezes na Mocidade Independente de Padre Miguel, fiz muita amizade; samba e gafieira eram comigo mesmo, vibra Nivaldo, lembrando que usava camisa verde, calça branca, sapato branco e lenço branco para acenar para o público. Mas carnaval são quatro dias e nem tudo foi festa no exílio do alagoano nascido no Rêgo da Mata, bairro do Poço, e enviado ao Rio, para a casa de uma irmã que mal conhecia.