V�timas da seca recebem �gua contaminada
A Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Alagoas está encaminhando um relatório completo para o Exército Brasileiro com uma série de irregularidades sobre a Operação Pipa. Parte delas foi mostrada em reportagem do Fantástico, que flagrou
Por | Edição do dia 03/12/2013 - Matéria atualizada em 03/12/2013 às 00h00
A Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Alagoas está encaminhando um relatório completo para o Exército Brasileiro com uma série de irregularidades sobre a Operação Pipa. Parte delas foi mostrada em reportagem do Fantástico, que flagrou o uso de tanques de combustíveis para o transporte de água, o fornecimento de água contaminada com coliformes fecais para vítimas da seca e a suposta participação de militares, políticos e funcionários públicos num esquema criminoso. A coordenadora do Núcleo de Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual (MPE), Micheline Tenório, adverte que o esquema é muito maior do que foi mostrado até agora. As antenas da PRF e do MPE foram ligadas depois que um surto de diarreia afetou mais de 83 mil pessoas e provocou 56 mortes em Alagoas, entre março e julho deste ano, justamente em municípios que recebiam água fornecida por caminhões-pipa. O período coincidiu com o início da operação do Exército. Para não morrer de sede, as pessoas bebiam dessa água, adoeciam e, muitas vezes, morriam. É lamentável, uma tragédia repugnante. A gente está lidando com pessoas à margem de tudo e se depara com esse tipo de conduta, sem respeito ao ser humano, à dignidade, analisa Micheline Tenório. Segundo a promotora, em contraponto a Organização Mundial de Saúde (OMS) que define a água potável como um direito humano, neste caso constata-se infringências com repercussão na área cível, administrativa e criminal, atos de improbidade, crime mesmo, na área de direito à saúde e direito ao consumidor.