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Nº 5868
Cidades Dono de salão de beleza em Maceió teve imóvel e carro destruídos por incêndio

Incêndios destroem imóveis e põem vidas em risco em Alagoas

De janeiro a meados de setembro deste ano, estado registrou média de um caso por dia

Por Jamylle Bezerra | Edição do dia 12/10/2019 - Matéria atualizada em 12/10/2019 às 06h00

/Dono de salão de beleza em Maceió teve imóvel e carro destruídos por incêndio
/Corpo de Bombeiros combate incêndios em estabelecimento de Maceió

Alagoas registrou quase 600 ocorrências de incêndio em imóveis entre os anos de 2018 e meados do mês de setembro de 2019. O número é assustador e revela a importância de se adotar algumas medidas para tentar evitar que mais casos aconteçam. Uma delas é manter em dia a manutenção do imóvel e verificar as instalações elétricas sempre que houver necessidade de fazer um redimensionamento da carga. Também é importante adotar algumas ações simples, mas preventivas, a fim de que, ao sair de casa ou do estabelecimento comercial, o dono do imóvel possa ficar mais tranquilo e preservar o bem.

Só em 2018, o Corpo de Bombeiros registrou 337 casos de incêndios em edificações de todos os tipos, como residências, pontos comerciais, órgãos públicos, escolas etc. Até setembro de 2019, esse número era de 260, uma média de um caso por dia.

Uma das ocorrências de incêndio que chamaram a atenção este ano, além dos danos materiais, também deixou uma vítima fatal. Aconteceu no mês de maio, no bairro da Jatiúca, em um condomínio residencial. Uma mulher que estava dentro do apartamento que pegou fogo, morreu. Um cachorro pertencente a uma moradora do edifício também não sobreviveu ao incêndio, que teve início durante a madrugada.

Em agosto do ano passado, a morte de uma criança de apenas 7 anos em incêndio ocorrido em uma casa no bairro do Benedito Bentes, na parte alta da capital, deixou os maceioenses de luto. Ela dormia com a família no momento em que o fogo começou. Os pais conseguiram resgatar os filhos mais novos, mas não houve tempo para retirar Clara Jamylli dos Santos Silva do imóvel, tendo em vista que as chamas se alastraram rapidamente.

Seja na parte alta ou na parte baixa da capital, em cidades do interior ou em lugares mais afastados, na zona rural dos municípios, todos estão sujeitos a problemas que podem resultar em chamas.

O empresário Rudimar de Prado Bueno, conhecido como Gaúcho, sabe bem disso. Ele teve um imóvel, onde funcionava um salão de beleza no qual trabalhava junto com um irmão, incendiado durante a madrugada do último dia 13 de agosto. Além dos materiais de trabalho e da edificação, o fogo ainda consumiu dois carros que estavam estacionados na frente do imóvel e que não tinham seguro.

“Eu e minha família acordamos às 4h30 com os vizinhos gritando na rua. A pessoa que colocou fogo nos carros abriu o vidro de um dos veículos e o empurrou contra a porta do estabelecimento, que também foi incendiado. Ficou todo mundo em pânico. Começamos a jogar água, mas não deu certo. Logo que vi o fogo, entrei em desespero, porque achei que meu irmão estava dormindo dentro do salão. Por sorte, ele tinha saído com uma amiga e não estava no local. Um dos carros explodiu na minha frente e eu e minha esposa fomos parar no hospital após inalar muita fumaça”, afirma Gaúcho, ressaltando que os veículos e os dois carros tiveram perda total.

Após o episódio, que foi criminoso, o irmão dele voltou para o estado de origem – Santa Catarina – e ficou abalado psicologicamente. A família de Gaúcho também está assustada, com medo, e fala em mudar de casa. O imóvel onde eles residem fica ao lado do salão que foi incendiado. O objetivo do criminoso era atingir uma família que mora em cômodos construídos atrás do salão – e que conseguiram deixar o local no dia em que as chamas consumiram tudo.

Aos poucos, a rotina vai sendo retomada. Amigos da família fizeram uma vaquinha e uma feijoada solidária para ajudar na recuperação dos bens. O imóvel continua fechado e destruído, mas Gaúcho já adquiriu um novo carro, essencial para ‘tocar’ os negócios – além de cabeleireiro, ele também trabalha com bares em eventos e festas. Dessa vez, ele fez questão de sair da concessionária com o veículo assegurado.

“Dos dois carros que foram incendiados, nenhum tinha seguro. Um deles até tinha, mas tinha vencido um mês antes e eu não fiz a renovação, pois já estava negociando a troca por um carro maior, que preciso para trabalhar. Mas esse novo veículo já saiu assegurado da loja. Apesar da tragédia, posso dizer que me surpreendi com a quantidade de amigos que tenho aqui em Alagoas. Muita coisa boa também aconteceu”, pontuou.

Corpo de Bombeiros orienta sobre ações preventivas

Corpo de Bombeiros combate incêndios em estabelecimento de Maceió
Corpo de Bombeiros combate incêndios em estabelecimento de Maceió - Foto: José Feitosa/Arquivo-GA
 

Durante uma ocorrência de incêndio, o mais importante é preservar a vida, mas algumas medidas preventivas podem ajudar a evitar que eles aconteçam e os bens, conquistados às custas de muito sacrifício, sejam destruídos. Como explica o chefe do setor de Análise e Projetos de Incêndio do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, Major Ailton Trindade, em residências, é preciso ficar atento para a forma como a rede elétrica vem sendo usada.

Ele explica que os maiores causadores de focos de incêndio são eletroeletrônicos usados por um longo período de tempo, como ventiladores e condicionadores de ar. Esses equipamentos acabam superaquecendo, após o uso prolongado, e os incêndios acontecem. Por isso, é importante sempre observar as condições desses eletrônicos.

Outro ponto que chama a atenção em residências é o uso de benjamins de forma inadequada. Apesar de esses objetos terem mais de uma entrada para plugar os equipamentos, elas não devem ser usadas de forma simultânea e contínua.

“Alguns detalhes podem fazer a diferença nesse quesito da prevenção. O morador tem que estar alerta para a questão do redimensionamento da rede elétrica, no caso de aumento da carga demandada. O aumento do número de equipamentos ligados na tomada exige um redimensionamento da rede”, destaca o militar.

Ele chama a atenção ainda para as normas de prevenção de incêndio que devem ser seguidas em imóveis comerciais e edificações ‘multifamiliares’, como os condomínios residenciais. Para funcionar, eles têm que oferecer segurança para as pessoas que moram ou circulam na localidade.

“Depois que esses imóveis são entregues, eles precisam passar por uma manutenção anual. Isso é algo primordial. O nosso objetivo é proteger as vidas, fazer com que as pessoas tenham a possibilidade de sair ilesas em caso de incêndio”, pontua o major Ailton.

Procura por seguro que cobre incêndios aumentou em Alagoas

A grande quantidade de sinistros, o baixo valor cobrado e a conscientização das pessoas são três fatores que têm motivado a procura por seguros que fazem cobertura de incêndios em Alagoas. Nos últimos 12 meses, o Sindicato dos Corretores de Seguro do Estado (Sincor-AL) registrou um aumento médio de 10% a 15% na procura por esse tipo de seguro.

“O público está mais consciente e tem percebido que o risco de incêndio existe e não livra ninguém. As pessoas ficam com medo, procuram saber o valor do seguro e, quando percebem que é um baixo investimento, acabam contratando o serviço”, destaca Djaildo Almeida, diretor do Sincor/AL.

Segundo ele, para um imóvel no valor de R$ 100 mil, o segurado paga cerca de R$ 200 por ano para ter uma proteção básica do imóvel – que abrange avarias por incêndios, raios e explosões. Para quem quer aumentar a proteção, com cobertura também para subtração de bikes e bens, quebra de vidros e outros serviços, por exemplo, esse valor pode chegar a até R$ 600.

O corretor e diretor do Sincor/AL Ailton Júnior conta que os alagoanos estão aprendendo a se preocupar mais com o patrimônio. E diante dos acontecimentos noticiados constantemente, como incêndios e invasões de residências, é natural que haja uma busca maior pelas coberturas. “Sempre que acontece algum caso de repercussão, essa procura pelo seguro aumenta”, pontua.

Ele ressalta ainda a importância de sempre procurar um corretor habilitado para tirar dúvidas antes de fechar o negócio. É esse profissional que vai passar todas as informações de forma correta, para que o cliente seja orientado da melhor forma possível e contrate, de fato, o serviço que procura.

“Existem inúmeras coberturas acessórias que, na hora da contratação, devem ser analisadas, para que supra a necessidade de cada cliente. Por isso, é importante sempre procurar um corretor de seguros habilitado pela Susep para que, com isso, seja contratado o seguro que garanta segurança ao contratante”, destaca.

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