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Nº 5868
Cidades Sistema de transporte coletivo de Maceió vem perdendo passageiros nos últimos meses

FOTO: GILBERTO FARIAS

Ônibus em Maceió perderam mais de dois milhões de passageiros até setembro

Em 2015, empresas transportavam mensalmente 6,7 milhões; média atual é de 5,1 milhões

Por greyce bernardino | Edição do dia 19/10/2019 - Matéria atualizada em 19/10/2019 às 06h00

/Sistema de transporte coletivo de Maceió vem perdendo passageiros nos últimos meses

FOTO: GILBERTO FARIAS

O número de passageiros em ônibus de Maceió vem caindo a cada ano. Dados fornecidos pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sinturb) apontam que, até setembro deste ano, houve uma queda de 26%, o que significa que quase dois milhões de pessoas deixaram de usar os coletivos em seus deslocamentos. Os motivos para o problema engloba diversos fatores, a exemplo do uso dos aplicativos de transporte privado e a crise econômica nacional, além da falta de políticas públicas de financiamento a esse meio de locomoção.

Para o presidente do Sinturb, Guilherme Borges, a diminuição no número é significativa e representa um sinal de alerta para que haja melhorias. Em 2015, as empresas transportavam mensalmente 6.749.510 de passageiros e, atualmente, a média está em 5.158.360. “Existe um grande desequilíbrio econômico-financeiro e a conta não fecha. Houve um aumento considerável do diesel nos últimos anos, além do aumento dos gastos com manutenção dos veículos e salarial dos rodoviários. Em resumo, os gastos aumentaram, mas, a receita das empresas que garantem os investimentos diminuiu”, expôs ele.

Ainda segundo Borges, para que o fluxo de passageiros volte a crescer, se faz necessário um investimento em novas tecnologias. “Não tem como falar em melhorias sem pontuar estudos na área da mobilidade, tecnológica e, também, na necessidade de mais investimentos em infraestrutura, com a criação de mais faixas exclusivas para os coletivos. Se faz necessário que os ônibus, onde está à maioria da população, sejam priorizados em meio ao caos do trânsito. Além também da fiscalização efetiva dos transportes clandestinos, para impedir a concorrência desleal e prática de preços diferenciados”, disse ele, acrescentando que os motoristas que trabalham de maneira irregular devem ser punidos de acordo com a lei, e que os passageiros precisam ser alertados sobre a importância da valorização do transporte público por ônibus.

O Grupamento de Ações Táticas de Transportes (GATT) da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) é o responsável pelas ações fiscalizatórias dos ‘clandestinos’ por toda Maceió. De janeiro a julho de 2019, um total de 243 veículos foram removidos por terem sido flagrados realizando o transporte remunerado irregular de passageiros no perímetro urbano da capital.

Durante as abordagens, é comum as equipes da SMTT constatarem o péssimo estado de conservação dos automóveis que, apresentam, ainda, os itens obrigatórios de segurança inoperantes, o que acaba comprometendo a integridade de quem se aventura a utilizar estes veículos.

“Diariamente, as equipes da SMTT fiscalizam esses tipos de veículos que transitam irregularmente pela malha viária da capital sem nenhum tipo de garantia ou vistoria realizada pelo órgão. Além de provocar riscos de integridade física à população, na maioria dos casos, os condutores abordados durante as operações são inabilitados ou sequer possuem uma categoria exigida para dirigir determinado tipo de veículo”, explicou Antônio Moura, titular da pasta de Transportes e Trânsito de Maceió.

Os veículos clandestinos que são flagrados e autuados são recolhidos de acordo com a Lei Municipal 6.466/2015, que prevê multa de R$ 2.180. “O transporte clandestino afeta diretamente o sistema de transporte público de Maceió. Podemos dizer, ainda, que esse tipo de atividade irregular e que traz riscos à sociedade está presente em todos os bairros”, completou o presidente do Sinturb.

Apesar da queda de passageiros e também da falta de investimento e infraestrutura, as empresas buscam prestar o melhor serviço pra população. “O índice de cumprimento de viagens está em um nível satisfatório. Hoje temos a redução dos assaltos, garantindo mais segurança para o passageiro. Temos também novas formas de pagamento e ampliação dos pontos de venda de créditos do Cartão Bem Legal”, disse Borges.


Brasil

De acordo com Associação Nacional de Transportes (NTU), o Brasil perdeu nos últimos quatro anos mais de 12 milhões de passageiros, sendo isso causado por fatores como, o crescimento das modalidades de transporte por aplicativo, falta de investimento em corredores de transporte coletivo e transporte clandestino de passageiros, a exemplo do Estado de Alagoas.

No último mês, as empresas transportaram em média 5.052.260, já no mesmo período do ano passado, foram 5.415.911, uma redução de 363 mil passageiros em setembro de 2019.

Frota de carros atrapalha serviço

Levantamento feito pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) mostra o crescimento de 3,78% da frota de veículos em Alagoas, entre dezembro de 2017 e novembro de 2018. De acordo com o órgão, circulam no Estado 825.618 veículos, contra 795.494 em igual período do ano passado – uma diferença de 30.124 unidades.

Com a grande quantidade de veículos, o número de pessoas que escolhem o transporte público para se locomover é mínimo. O aumento na frota, no entanto, causa um problema com relação à mobilidade urbana na capital, onde o fluxo é maior.

A diarista Josefa dos Santos, de 48 anos, é exemplo de quem escolheu um novo meio para se locomover. Adepta aos coletivos há quase 10 anos, hoje, garante, que é difícil ir até um ponto de ônibus. Conforme Josefa, a demora para que o transporte chegue ao local de embarque e desembarque é grande, além de não oferecer o conforto para os passageiros.

“Quando vou ao meu trabalho, no Eustáquio Gomes, nos dias de quinta e sexta, sempre tento me organizar para ir de lotação ou Uber. Apesar de pagar cerca de R$ 6,00 a mais a cada passagem, vale muito apena. Não que eu esteja dizendo que os ônibus não prestam, pois já utilizei muito esse serviço, mas deixa muita gente na mão. Eles atrasam ou, às vezes, quebram. Porém, muitas pessoas necessitam deles e melhorias cairiam bem”, observou.

O comerciante Paulo Maciel, de 38 anos, comprou um carro há 20 dias e, por isso, deixou o transporte público de lado. “Sempre que ia ao trabalho pegava o ônibus lotado. Como levava mercadoria junto a mim, a coisa complicava. Apertei o cinto e comprei meu 'carrinho'. Acho que essa medida vem sendo tomada por muita gente. Ter autonomia na hora de sair é bom demais”.


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