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Nº 5868
Cidades Comerciantes das balanças de peixes garantem que seu produto não está contaminado e se queixam das notícias falsas

Óleo das praias faz venda de pescado cair 80% nas balanças

Sumiço dos consumidores preocupa comerciantes, que têm grande quantidade de mercadoria estocada

Por Thiago Gomes | Edição do dia 29/10/2019 - Matéria atualizada em 29/10/2019 às 07h36

/Comerciantes das balanças de peixes garantem que seu produto não está contaminado e se queixam das notícias falsas

A procura por pescados nas balanças de Maceió caiu significativamente desde que as manchas de óleo nas praias do Nordeste ganharam ampla repercussão no Brasil. Receosa pela qualidade do produto a ser comprado, a clientela sumiu, deixando os pescadores angustiados. As vendas em Jaraguá despencaram quase 80% e é visível a preocupação de quem sobrevive deste negócio. Os preços continuam os mesmos e há muitos produtos estocados.

Lúcia Maria nasceu em meio à Colônia dos Pescadores de Jaraguá e confirma o drama vivido por todos os amigos dela nos últimos meses. Segundo ela, quanto mais as informações são compartilhadas nas redes sociais, algumas delas falsas, a busca pelos produtos nas balanças diminui.

Raros são os clientes que aparecem e confiam que o pescado não foi afetado pelo petróleo cru. Um deles é o professor Robson Menezes, que aproveitou o horário livre, na manhã dessa segunda-feira (28), para passar na balança do peixe de Jaraguá para comprar camarão. Ele diz que frequenta o local há mais de 10 anos e que confia na qualidade, mesmo do bombardeio de notícias sobre o desastre ambiental.

“Eu vinha no caminho até antes de chegar aqui pensando em comprar camarão proveniente da lagoa, porque afastaria qualquer risco de contaminação pelo óleo. Vendo tudo o que estão dizendo, a gente fica receoso mesmo, porém eu confio no produto dos pescadores daqui de Jaraguá”, comentou o professor.

A pescadora Edilene Verdino parecia desconsolada quando foi abordada pela reportagem. Ela não escondia a tristeza no olhar pela queda brusca nas vendas. “O pescado está de boa qualidade e se tivesse óleo o peixe morreria antes de ser pescado. Além disso, seria visível pra gente se o peixe estivesse com coberto pelo óleo. Garantimos a qualidade do nosso produto”.

Para reforçar, Lúcia Maria explica que os pescados da balança são capturados em águas profundas, que, comprovadamente, estão isentos de contaminação. “Além disso, no local onde a gente pesca não tinha mancha de óleo”.

Na balança da Pajuçara, as notícias também não são boas. Por lá, as vendas baixaram em mais da metade. Os pescadores também se queixam da baixa clientela depois da divulgação do desastre. Eles pedem ajuda da imprensa para conscientizar a população de que o produto de Alagoas não foi afetado e pode ser consumido normalmente.

“Precisamos de uma campanha positiva para nos ajudar neste sentido. Até agora, nenhum órgão confirmou que o nosso pescado estava contaminado”, afirmou Gilberto José dos Santos.

O vice-presidente da Colônia dos Pescadores Z1, Marcos Sérgio Batista, reclama que “o poder público parece se preocupar mais com o turismo, esquecendo que a cadeia produtiva do peixe está comprometida”.

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