Um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo revela que o maceioense gasta cerca de 118 minutos no deslocamento entre a casa-trabalho-casa. O tempo é equivalente a uma hora e cinquenta e oito minutos. O período gasto pelos trabalhadores da capital alagoana no trânsito ocupa o 10º lugar entre as capitais do país e se aproxima com o tempo gasto em grandes cidades; o levantamento foi publicado na segunda-feira (4). O levantamento da Folha foi com base em dados da ANTP [Associação Nacional de Transportes Públicos] e revela que o tempo de deslocamento no trânsito entre os trabalhadores que fazem o percurso casa-trabalho-casa fica, apenas, 23 minutos a menos que o Rio de Janeiro; e 14 minutos a menos do que o percurso realizado pelos os trabalhadores de São Paulo. Cidades que, de acordo com o último censo do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], de 2010, têm, respectivamente, mais de 6 milhões de habitantes, o RJ; e mais de 12 milhões, SP; enquanto Maceió têm, apenas, cerca de 1 milhão de habitantes. Metrópoles como Distrito Federal e Belém ficam atrás de Maceió no ranking; ocupando, respectivamente o 12º e 13º lugar. O professor universitário de economia avalia a situação em Maceió. “É reflexo de um processo histórico que aconteceu principalmente nos últimos 50 anos em Maceió. Nós tínhamos 200 mil habitantes e, de repente, passamos a ter uma cidade de um milhão e duzentos, ou seja, esta cidade cresce de maneira acelerada e sem nenhum tipo de planejamento. Isto é um ponto crucial para determinar como é que esta cidade vai atender as necessidades do seu povo”, disse Jarpa Aramis. E crítica. “Nós chamamos de externalidades o fenômeno onde nós, enquanto sociedade, provocamos problemas e não conseguimos resolver. Por exemplo, o trânsito é uma externalidade negativa pois nós, enquanto sociedade, provocamos o trânsito mas também nós podemos modificá-lo. Ou seja, nós podemos fazer rodízio de viagens nos carros dos colegas e usar o transporte público. É uma série de mecanismos que a sociedade pode resolver”, acrescentou o economista.
TRANSPORTE PESA MAIS QUE ALIMENTAÇÃO
De acordo com o levantamento, o gasto com o transporte público chega a ser maior que às despesas com a alimentação. R$ 111 bilhões é o valor estimado do que deixou de ser produzido na economia do país devido ao tempo perdido no trânsito entre casa-trabalho-casa. A pesquisa avalia que a perda de 114 minutos, em média, nos deslocamentos feitos em 37 áreas metropolitanas do Brasil. O cálculo considerou as informações de 533 cidades com mais de 60 mil habitantes, nas quais vivem 133,5 milhões de pessoas (65% da população) e por onde circulam 39 milhões de veículos. O custo socioeconômico da mobilidade urbana foi estimado em R$ 483,3 bilhões anuais no estudo da ANTP.
TARIFA DO VLT É REAJUSTADA
Após quatro reajustes somente este ano e com mais dois por vir até o dia 7 de março, quando a passagem passará a ser R$ 2, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) ainda pode pleitear outros aumentos no ano que vem. É o que afirma Ives Bittencourt, Coordenador Jurídico da empresa no estado. A passagem passou a custar R$ 1,50 nesse domingo (3). Segundo Bittencourt, as medidas buscam reparar o deficit da empresa. “O reajuste é nacional e ocorre de forma proporcional à complexidade das linhas. A CBTU investiu R$ 200 milhões em infraestrutura apenas no estado de Alagoas. Mesmo com os valores ajustados, ainda cobramos a menor taxa do país”, disse. Ele admite, contudo, que se trata de uma medida paliativa. “Depois do dia 7 de março, tudo pode acontecer. Ainda não conhecemos a política do novo governo”, destacou. O reajuste havia sido barrado pela justiça, que pediu dados orçamentários que comprovassem o déficit e a eficácia do reajuste. Segundo Bittencourt, os dados foram enviados. A medida foi derrubada em meados do ano passado, quando foram acordados os sucessivos reajustes.