FALTA DE SEGURANÇA É PROBLEMA NO MIRANTE DE SANTA TEREZINHA
Apesar de aumento no policiamento ostensivo maior, criminalidade segue preocupante
Por luan oliveira | Edição do dia 20/12/2019 - Matéria atualizada em 20/12/2019 às 09h08
Um empresário passava próximo ao Mirante de Santa Terezinha, no Farol, quando viu um homem cair na rua, aparentemente passando mal. Era uma emboscada, e o veículo foi abordado por mais três suspeitos. Uma operação com quase 50 agentes foi necessária para efetuar o resgate após o sequestro relâmpago. Cinco meses depois, com reforço no policiamento ostensivo na região, os moradores seguem se sentindo inseguros.
Elinaldo Borges relembrou, da porta de seu carro, o dia em que um homem foi baleado nas proximidades e fugiu, se escondendo no lixeiro de seu edifício. No dia seguinte, foi surpreendido por uma poça de sangue escorrendo sob a porta do depósito. “Foi um horror”, contou. Para ele, a segurança que sente no local começa da porta do prédio para dentro.
“Não temos o que reclamar do policiamento”, contou uma senhora que não quis se identificar. “Já da segurança…”, continuou, com um olhar exasperado. Todos os entrevistados pela Gazeta afirmaram que já foram assaltados ou conhecem alguém que o foi na região.
Segundo os moradores, o policiamento não resolve problemas estruturais da região, que abrem brechas para a ação de criminosos, como um terreno baldio e um prédio abandonado, facilmente penetrável. “A viatura passa por aqui direto, mas é a polícia indo para uma esquina e os bandidos indo para a outra”, observou Gernália Crispim.
Todos os moradores apontaram o terreno baldio como um esconderijo ideal para criminosos. “Nunca resolveram isso aí”, disse um deles. Há também o barranco após o mirante, coberto de mato e que possui zonas que podem ser usadas como esconderijo. Segundo os moradores, não raro os bandidos vêm de lá.
Quando há maior movimentação na região devido ao funcionamento de estabelecimentos de serviços próximos, a criminalidade reduz consideravelmente, mas ainda assim não é um salvo conduto. “Fui assaltado ali”, relatou Caetano Soares, apontando para onde recrutas do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) treinavam, alguns metros à frente.
O meio preferencial dos assaltos é o carro. Todos os moradores que falaram com a reportagem tinham uma história envolvendo um veículo que rondava pela região e assaltava as pessoas. O fantasma do sequestro também não se foi. “Aquilo foi horrível”, disse Gernália, quando questionada sobre o episódio. “Mas faz tempo, né?”
A periculosidade do local já foi banalizada por alguns moradores, que simplesmente se habituaram à realidade. “Se não ficar de bobeira, não ficar sentado na porta, não é assaltado”, aconselhou a mãe de Gernália, como quem soma um com um. A senhora fazia reformas em um carrinho que usa para vender mercadoria.
“O pessoal daqui parece que não tem o que fazer, não para dentro de casa, fica na rua. Aí vem falar que tem assalto”, reclamou ela. O filho de Gernália estava na porta de casa usando o celular quando foi abordado por criminosos semanas atrás. Os suspeitos estavam em um carro, como de costume. “Eu avisei a ele”, disse a mãe, encarando o garoto que brincava na rua.
Símbolo tradicional de segurança, a viatura da polícia que passou pela rua durante a estadia da Gazeta não impressionou nenhum dos moradores. “Não ajuda”, contou Caetano. Como seu sotaque denunciara, ele vinha de fora e estava na cidade fazia pouco tempo, mas já sente os efeitos da criminalidade.
“Gosto daqui”, disse Elinaldo, que mora em Pernambuco e passa temporadas na capital alagoana. Eleem uma impressão diferente dos demais moradores da região. “Teve um aumento expressivo no policiamento, e não passei por nenhuma situação que considero perigosa até agora”, concluiu, voltando à segurança por trás dos portões.