A falta de empatia e de respeito às diferenças segue fazendo vítimas. Desta vez, uma criança de apenas dois anos, natural do município Girau do Ponciano, agreste de Alagoas, foi o alvo do preconceito da companhia aérea Gol devido a uma doença de pele. O fato está sendo denunciado pela enfermeira Maria Helena Santana, que acompanhou o caso, em suas redes sociais. No relato, Maria Helena conta que a criança estava acompanhada dos pais e foi obrigada a desembarcar da aeronave por ter uma doença de pele chamada ictiose, condição dermatológica genética que resulta em uma pele extremamente seca. A ictiose não é contagiosa. Ainda segundo a enfermeira, os comissários e o comandante afirmaram que a criança teria que sair do avião porque, de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ela apresentava uma doença contagiosa, mesmo depois de os pais e a profissional de saúde informarem que não era o caso. Tanto a família quanto a enfermeira passaram um bom tempo argumentando com os representantes da Gol, num trabalho que pareceu em vão. “A mãe argumentou ‘que estava indo a SP, que a criança tem Ictiose e que a doença não é contagiosa’. Os comissários insistiram, e os pais explicavam, pediam, sem resultado. Me dirigi até onde estavam, me apresentei, disse que sou Enfermeira, até mostrei minha carteira do Coren SP”, relata. A profissional continua. “Mostrei fotos do Google e argumentei de toda forma possível. Um passageiro, com sotaque americano, se exaltou e disse: ‘vocês estão atrasando o voo, chame o comandante e ele decide’. Chamaram o comandante, ele olhou a criança e disse que a família deveria dembarcar [sic], porque ele tinha que cumprir normas da Anvisa. [...] A família é muito humilde, não poderia perder a viagem e a consulta! Ele disse que não poderia aceitar pois ‘a senhora não é médica, é só uma enfermeira’! Eu disse que registraria o fato nas redes sociais e divulgaria este triste episódio de desrespeito, Intransigência, desumanidade da tripulação do voo Gol 1503 de Aracaju”, expõe, em sua publicação.
O QUE DIZ A GOL
Em nota, a companhia aérea informou que a criança e sua família tiveram o embarque negado no voo G3 1503 (Aracaju - Guarulhos) porque os mesmos não portavam atestado médico explicando a condição, como é recomendado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “Seguindo as regras de segurança da Anvisa, a companhia ofereceu todo o suporte necessário, como transporte de ida e volta até um hospital local, para que a família pudesse pegar um atestado liberando a menor para viagem e esclarecendo sobre o diagnóstico da doença, deixando claro que não se tratava de uma enfermidade contagiosa”, diz a nota. A Gol afirmou ainda que, após todos os esclarecimentos, a família seguiu viagem para São Paulo no voo G31501 (Aracaju - Guarulhos), às 11h20 no dia 26. Na nota, a Gol esclareceu que todo passageiro com doença infectocontagiosa ou genética deve apresentar um atestado médico que especifique a ausência de risco para contágio, como é recomendado pelos órgãos regulatórios, e que este procedimento visa garantir a segurança e saúde de todos.
*Sob supervisão da Editoria de cidades.