Após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar pandemia do novo coronavírus, órgãos de saúde tentam formas de reduzir a possibilidade de transmissão da doença e uma das discussões impõe mudança na rotina escolar. Uma das alternativas que chegou a ser avaliada é adiantar o período de férias para os meses de inverno, em estados brasileiros com casos confirmados. Entretanto, o Ministério da Saúde descarta por enquanto o fechamento de escolas. Em nota, o MS informa que as autoridades de saúde brasileiras estão observando o cenário dos países que já estão vivenciando o avanço do coronavírus, como China, Coréia do Sul e Itália para orientação da resposta do Brasil à doença e a proteção da população. “O Ministério da Saúde mantém permanente vigilância em relação ao comportamento do vírus no país. Até o momento, não existe orientação para fechamento de escola”, diz trecho da nota do MS. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), aumentou o número de casos suspeitos de coronavírus em Alagoas. São nove em investigação até agora, um confirmado e 24 notificados. Oito foram descartados para o Covid-19 com base em exames laboratoriais e seis foram excluídos. O levantamento é diferente do apresentado na tarde dessa quarta-feira (11) pelo Ministério da Saúde, que trouxe a informação sobre apenas quatro em investigação, um confirmado e sete descartados. Segundo o último informe epidemiológico da Sesau, em relação aos casos suspeitos, 72% são do sexo feminino e 28% do sexo masculino. No início da semana, a Sesau confirmou o primeiro caso de coronavírus em Alagoas, um homem de 42 anos, que esteve em viagem à Itália, e está em isolamento domiciliar, com quadro de saúde considerado estável. A reportagem questiona a Sesau como ocorre o monitoramento das pessoas que tiveram contato com o caso confirmado. “O Cievs atua 24 horas por dia monitorando as pessoas por meio de visita domiciliar e através de ligação telefônica, quando necessário. Os técnicos do Cievs orientam sobre a conduta de proteção a ser adotada pelo monitorado, que fica em permanente contato com o serviço para informar sobre alguma mudança em seu quadro clínico, que possa resultar na tomada de outras medidas como internação, o que no caso de Alagoas não ocorreu em nenhum deles”.
QUARENTENA
“Nesse momento aqui no Brasil ainda não há transmissão sustentada, já que todos os casos confirmados aqui foram casos em pessoas que viajaram outros países que têm transmissão ou pessoas que tiveram contato próximo com esses indivíduos que viajaram. De modo que todos os casos que até agora têm aparecido são de pessoas que se contaminaram no exterior ou que a gente sabe qual foi a fonte de infecção. Então nesse momento não se justifica ainda o fechamento de escolas, fechamento de fronteiras, proibição de atividades públicas como jogos de futebol, como já aconteceu na Itália, estão cogitando na França e também na China”, declara o infectologista Fernando Maia.
Segundo o infectologista, sobre a polêmica em relação a eficácia da quarentena ainda é importante manter o isolamento de pacientes. “É interessante que as pessoas que chegam do exterior e se confirmem os casos que fiquem em quarentena mesmo que domiciliar, porque diminui muito a transmissão do vírus. Enquanto não aparecerem pessoas doentes que tenham pego em qualquer ambiente no Brasil sem ter viajado e sem saber qual foi a fonte de infecção justifica-se manter os indivíduos doentes em isolamento para tentar impedir a disseminação da doença. Mas como já houve alguns casos aqui e talvez tenha havido outros que a gente nem sabe, o Ministério da Saúde já determinou que todas as pessoas que deem entrada no serviço de urgência e emergência com a Síndrome Respiratória Aguda Grave que se pesquise o Covid-19 mesmo naquelas pessoas que não viajaram para lugar nenhum”, acrescenta o infectologista.
De acordo com Lavínia Galindo, secretária-executiva do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Alagoas, as escolas estão trabalhando individualmente a questão do coronavírus, que se prolifera pelos países e infectou brasileiros, mas ainda não há informações sobre mudanças ou suspensão de aulas. “Teremos uma reunião no fim do mês e devemos tratar desse assunto. Mas sabemos que as escolas estão trabalhando essa questão”, afirma a educadora. Já a Secretaria de Estado da Educação informou que até o momento não recebeu nenhum comunicado oficial do Ministério da Saúde e ou do Ministério da Educação acerca da proposta de alteração no período de férias escolares.