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Nº 5897
Cidades

CRESCE NÚMERO DE INFECTADOS COM MENOS DE 60 ANOS

Especialistas alertam que ninguém está imune ao vírus; pacientes jovens vêm sendo acometidos de formas graves da doença

Por regina carvalho | Edição do dia 01/05/2020 - Matéria atualizada em 01/05/2020 às 23h43

A cada nova atualização do número de infectados pelo novo coronavírus no Brasil, cresce a massa de doentes com idade inferior aos 60 anos. Embora não sejam parte do grupo de risco, jovens e adultos sem comorbidades estão expostos ao vírus e muitos negligenciam os sintomas, que pode ser fatal. No mês passado, um rapaz de 24 anos morreu vítima da Covid-19 em Alagoas e mais de uma dezena não eram idosos. A médica Marília Magalhães, que atua no Hospital Hélvio Auto, fala sobre o crescimento do número de jovens infectados com o novo coronavírus. “Como podemos acompanhar nos boletins epidemiológicos, temos no Brasil alguns estados que registram percentual maior de infectados e hospitalizados abaixo dos 60 anos do que em países considerados epicentros como Itália, Espanha e Estados Unidos”, explica. De acordo com ela, há uma tendência de aumento entre a população mais jovem por diversas razões. “Dentre elas, o distanciamento social inadequado visto que muitos jovens se consideram imunes ou fortes contra o novo coronavírus e, deste modo, saem de casa para a casa de amigos, fazendo pequenas aglomerações, onde não há como identificar quem está ou não contaminado”, acrescenta. Marília Magalhães reforça que não há como saber o porquê de pacientes jovens estarem sendo acometidos de formas graves e até óbito pelo novo coronavírus “visto que se trata de uma doença nova cuja fisiopatologia, ou seja as alterações que ela provoca no organismo humano, ainda não estão elucidadas. O que se pode pensar é que pacientes jovens e previamente saudáveis que desenvolvam formas graves tenham sido expostos a uma carga viral muito elevada, tenham alguma predisposição genética para a doença, alguma comorbidade prévia desconhecida ou algum comprometimento do sistema imunológico anterior do qual também não sabia”. A infectologista destaca que não há nenhum indivíduo com risco nulo para a contaminação e desenvolvimento da doença, seja ela leve, moderada ou grave, sendo imprescindível o reforço do distanciamento social para aqueles que podem ficar em casa.

NINGUÉM ESTÁ IMUNE

Para a infectologista da Santa Casa de Maceió Elaine Rocha, em relação ao crescimento do número de jovens infectados com o novo coronavírus, é “preciso ver se a maioria da população local é jovem, pois sempre teremos proporcionalmente, 80% casos leves, 15% dos casos internados e 5% em UTIs, se temos muitos jovens infectados desses 5% serão muito graves. Pacientes jovens podem ter comorbidades que predisponham a gravidade da doença e, como jovens não têm o hábito de fazer exames, podem nem saber que tem algum fator de risco”, esclarece a médica. De acordo com o Ministério da Saúde, pessoas acima de 60 anos se enquadram no grupo de risco, mesmo que não tenham nenhum problema de saúde associado. Além disso, pessoas de qualquer idade que tenham comorbidades, como cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença neurológica ou renal, imunodepressão, obesidade, asma e puérperas, entre outras, também precisam redobrar os cuidados nas medidas de prevenção ao coronavírus. A Organização Mundial de Saúde já alertou que os jovens não são invencíveis, que em muitos países estão ignorando os conselhos para praticar o distanciamento social. “Embora os idosos sejam os mais atingidos, os mais jovens não são poupados”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva há algumas semanas.

Foto: Ascom
 

O infectologista Fernando Maia explica que realmente tem crescido o número de jovens infectados, mas que a doença em Alagoas tem “se comportado” de forma parecida com outras partes do mundo, afetando principalmente idosos e pessoas com comorbidades. “Aquelas mais envolvidas nas formas graves são diabetes, hipertensão e obesidade, mas vão acontecer casos que a gente chama fora da curva, em pacientes jovens, em pacientes sem comorbidades que vão desenvolver a forma grave. Isso já era esperado, mas que não representa a maioria dos casos. Mas a gente precisa ficar de olho para ver se vão aparecer outros casos além desses”, explica Maia. “De fato a gente sabe que ninguém está imune ao coronavírus, a gente sabe de pessoas jovens, aparentemente sem nenhuma outra doença que morreram, inclusive crianças. A gente sabe de casos que há mortes de crianças pequenas, embora que se você comparar é muito menor que adultos e muitíssimo menor do que de idosos”, diz o infectologista. Segundo Fernando Maia, o novo coronavírus segue no Brasil o mesmo padrão que já tinha se mostrado em outros países. “Crianças e jovens praticamente não são acometidos, embora ninguém esteja imune à doença, qualquer pessoa pode pegar e qualquer pessoa pode desenvolver a forma grave. Por isso, como a gente não sabe antecipadamente quem vai desenvolver a forma grave e quem não vai, é importante a gente evitar ao máximo o aumento do número de casos para que evite as formas graves e os óbitos”. Dados da Sesau apontam que a contaminação chegou de forma preocupante na população mais jovem. A faixa etária entre 20 e 49 anos já soma mais da metade dos contaminadas.

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