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Nº 5897
Cidades

CENTRO DE TRIAGEM TEM FILA DESORGANIZADA

Pacientes no chão, sem respeito à normas de distanciamento social, expressões de angústia, preocupação e tensão. Foram esses os registros que a reportagem da Gazeta de Alagoas fez, nesta quinta-feira (14), no lado de fora do Centro de Triagem mostrado pel

Por luan oliveira | Edição do dia 15/05/2020 - Matéria atualizada em 15/05/2020 às 06h00

Pacientes no chão, sem respeito à normas de distanciamento social, expressões de angústia, preocupação e tensão. Foram esses os registros que a reportagem da Gazeta de Alagoas fez, nesta quinta-feira (14), no lado de fora do Centro de Triagem mostrado pelo governo do estado no Ginásio do Sesi. Enquanto a publicidade do governo mostra um interior com clima de ordem, o exterior aparenta formar aglomerações sem orientação de profissionais. O número de veículos ocupando a Avenida Siqueira Campos é grande e se estende por metros, bloqueando inclusive os acessos do ginásio. Com lotação limitada no interior, para garantir o distanciamento mínimo entre os que aguardam atendimento, o restante do pessoal se aglomera do lado de fora, esperando sua vez de entrar e, enquanto isso, arriscando ser infectado. Sem cadeiras e com um tempo de espera que impede ser suportável aguardar de pé, os alagoanos buscam o chão ou os canteiros do ginásio. Sem orientação ou supervisão, ficam próximos uns dos outros, não seguindo recomendações de distanciamento social. Nas campanhas publicitárias do governo, vemos filas ordenadas, um ambiente limpo, poucas pessoas. As lentes que fazem esses registros não capturam o lugar onde os pacientes passam a maior parte da espera: no lado de fora do Centro de Triagem. Alguns parecem ter trazido cadeiras de casa, cientes do grande tempo de espera que terão de enfrentar se quiserem ter ao menos a chance de ser testado – desfecho cada dia mais raro com a escassez de testes rápidos disponíveis. Um dos homens que aguardam o atendimento, sentado no chão e encostado nas grades do ginásio, apoia a cabeça na mão e aparenta dormir, ao lado de uma mulher e próximo de pessoas que, cansadas da espera, repetem o gesto. Em um dos canteiros, à sombra de uma das rampas de acesso às arquibancadas do ginásio, mais de uma dezena de pessoas se sentam umas ao lado das outras. Não aparenta haver nenhum contratado pelo governo para supervisionar e evitar aglomerações no exterior do centro. Em visita ao Centro de Triagem nos dias 5 e 6 de maio, membros do Conselho Estadual de Saúde (CES) encontraram diversas irregularidades no local, como um grande tempo de espera, falta de medicamento e resultados de exame questionáveis. Não havia comunicação entre o centro e unidades de saúde que poderiam receber os pacientes em caso de necessidade comprovada. Muitos pacientes saem com receitas de remédios que custam até R$ 300, sem distribuição gratuita no local sequer de antitérmicos. Os pacientes também reclamavam do tempo de espera, que o conselho estimou em até três horas – colocação ainda otimista, tendo em vista diversos relatos que podem ser lidos e ouvidos por todo o Estado de Alagoas. Muitos pacientes sequer recebem comprovantes que fizeram o procedimento e tiveram os resultados expedidos. O CES fez algumas recomendações a Secretaria de Estado da Saúde, como o uso das arquibancadas no lugar da área externa para garantir uma maior ordem. Até o momento, nenhuma delas foi acatada.

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