O número de profissionais da enfermagem afastados do trabalho devido ao novo coronavírus é grande. Em Alagoas, para se ter uma ideia, são mais de 300 afastamentos e duas mortes confirmadas. Como forma de entender o agravamento da situação, no entanto, uma pesquisa está sendo desenvolvida por dez universidades brasileiras, a fim de detalhar o impacto da doença na saúde, principalmente mental dos trabalhadores. A professora de enfermagem da Ufal e uma das responsáveis pelo o estudo no Estado, Verônica de Medeiros, conta que o risco de contaminação do vírus, a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a carga horária, são fatores que, por vez, contribuem para os afastamentos. “A enfermagem ocupa a maior força de trabalho no Brasil e, pensando na carga excessiva de trabalho, na ausência de EPIs e no número de pessoas com o vírus, observarmos que isso prejudicaria a saúde mental de cada um deles. E nós confirmamos isso, pois quando começou a aparecer os casos em Wuhan, na China, foi desenvolvido um estudo, em que ficou comprovado que os enfermeiros apresentaram comprometimento com a sua saúde, principalmente psicológica”, disse. Ela conta, ainda, que para o estudo dar certo, se faz necessário entrevistar profissionais de todos os estados do Brasil. “Vamos estar utilizando uma técnica chamada de bola de neve, que funciona de tal maneira: eu mando o questionário para você, que é profissional da enfermagem, aí você responde e manda para os seus contatos, que também devem responder e assim sucessivamente. Nós temos um link de acesso, que está no facebook, instagram e twitter. É só pesquisar pelo nome da pesquisa, batizado como ‘Estudo Vida Mental Covid-19’”, detalhou Verônica. A professora ressalta que a pesquisa estará disponível para ser respondida até junho e que qualquer profissional da saúde podem acessá-la. O Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren/AL) é o responsável por contabilizar o número de profissionais da categoria afastados no estado. Conforme o último boletim do dia 07 de maio, um total de 328 trabalhadores tiveram que deixar seus serviços devido à Covid-19. Destes, 187 estão com suspeita, 69 estavam afastados com suspeitas e receberam o resultado do exame negativado, além de 72 profissionais que estão confirmados. A atualização dos números é feita quando uma instituição de saúde do Estado comunica novos casos ao Coren-AL. Os números, porém, ainda não refletem a atual situação vivida no Estado, já que o Conselho ainda aguarda os dados de muitas instituições que ainda não responderam a solicitação. O Conselho, por sua vez, já solicitou aos enfermeiros responsáveis técnicos de todas as instituições de saúde do Estado, que comuniquem o caso de qualquer profissional afastado com suspeita, internado e/ou óbito confirmado por Covid-19. O presidente do Coren/AL, Renné Costa, destaca que o Conselho quer ter controle sobre a expansão da doença entre os profissionais de enfermagem no estado. “Estamos vigilantes, garantindo o direito do profissional de enfermagem exercer sua profissão com segurança para si e para sociedade”.