Com o aumento gradual dos casos de coronavírus no estado de Alagoas, que já ultrapassam a faixa dos 11 mil casos, o fluxo nas farmácias da capital também aumentou. Paralelo ao aumento de casos e ao aumento no fluxo das farmácias, a procura por medicamentos que prometem combater os sintomas da Covid-19 tem aumentado na capital alagoana, preocupando farmacêuticos, que enxergam um aumento de 60% na prática da automedicação. O aumento de casos no estado está fazendo o movimento das farmácias dobrar, segundo Misael Araújo, dono de duas farmácias no município de Marechal Deodoro. “O movimento tem aumentado muito esses dias. A procura que mais estamos vendo crescer é por antitérmico, analgésicos, vitamina C e por antibióticos. Devido ao aumento de casos o pessoal está indo mais na farmácia procurar medicamentos”, disse o proprietário de duas farmácias. O uso indiscriminado, e por conta própria, de produtos que prometem combater a Covid-19 aumentou em 60%, de acordo com Misael. “A automedicação infelizmente também está crescendo muito. Acho que temos agora um aumento da procura em 60% de determinados produtos, como a vitamina C e a ivermectina. O pessoal quer se automedicar de todas as formas, e nós, como farmacêuticos, estamos aqui para orientar e guiar a situação”, disse. O farmacêutico conta que, a procura por alguns produtos cresceu tanto que a indústria não está dando conta de suprir a produção. De acordo com ele, vitamina C e Ivermectina, ambos medicamentos procurados para tratamento dos sintomas da Covid-19, estão faltando em grande parte das farmácias de Alagoas. A grande procura por medicamentos também tem sido notado pelo farmacêutico José Valdo, que diz não encontrar Vitamina C em lugar algum. “O fluxo aumentou, agora o que faltam são os medicamentos. Os remédios que os médicos prescrevem atualmente para o tratamento da Covid-19 são os mais procurados, como a azitromicina, ivermectina e a vitamina C. Esses medicamentos você não encontra mais em lugar nenhum”, contou. Ele conta também que, grande parte da procura por esses medicamentos é feita por pessoas que não possuem receita médica. Segundo ele, muitos casos são de pessoas que ouviram que a medicação funciona e agora querem usar. José Valdo frisa que a automedicação não é indicado e, seguindo o seu papel como farmacêutico, ele orienta os pacientes a procurarem uma unidade de saúde antes de se medicar. Vale ressaltar que, os remédios azitromicina e ivermectina, não possuem eficácia comprovada no combate ao novo coronavírus. A azitromicina é um antibiótico, sendo usado apenas no combate contra bactérias. Já a ivermectina é usada no tratamento de condições causadas por vermes ou parasitas, sem relação com a Covid-19. O uso de ambos os medicamentos deve ser acompanhado de receita médica pois podem resultar em reações perigosas.

AUTOMEDICAÇÃO

O uso por conta própria de medicamentos que prometem combater o novo coronavírus não deve ser aconselhado, sendo uma prática perigosa e que pode levar a sérias complicações. O Conselho Regional de Farmácia de Alagoas (CRF/AL), vem realizando anualmente campanhas de conscientização contra o uso indiscriminado de medicamentos. Em maio deste ano a campanha foi realizada através das mídias sociais, contando com palestras e lives de profissionais da área. De acordo com o secretário do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas (CRF/AL), Daniel Fortes, segundo uma pesquisa realizada pelos Conselhos Regionais de farmácia, juntamente ao Instituto DataFolha, nos três primeiros meses de 2020 houve um aumento acentuado no consumo de alguns medicamentos se comparado ao mesmo trimestre do ano de 2019.

Ele conta que, a prática de se automedicar é realizada por cerca de 77% dos brasileiros. Entre os medicamentos que sofreram aumento no consumo em 2020, estão a Vitamina C, com aumento de mais de 180%, o paracetamol, com aumento acima de 70%, e a hidroxicloroquina, com aumento de 60%.