O agravamento da crise econômica com a pandemia levou ainda mais crianças e adolescentes ao trabalho doméstico em Maceió. Recrutados por serem mão de obra mais barata acabam "contratados" para cuidar da casa. Devido à suspensão de eventos em decorrência do avanço dos casos do novo coronavírus, muitos passaram a se concentrar nas imediações de farmácias, supermercados,semáforos e mercados públicos da capital. Como norte para ações, a coordenação de Enfrentamento ao Trabalho Infantil da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) utiliza dados do IBGE ainda de 2010, que prevê que há 4,5 mil crianças e adolescentes exercem atividades em Maceió. Entretanto, a pandemia agravou mais a situação desses grupos. "Pelo entender do que se desenha do trabalho infantil a gente vê que por causa da crise socioeconômica essas crianças e adolescentes estão trabalhado de alguma forma, seja às escondidas no trabalho doméstico que a gente não está vendo, ", declara Liranise Alves, coordenadora de Enfrentamento ao Trabalho Infantil da Semas. De acordo com Liranise, há os casos de crianças que tomam conta da própria família, quando os pais saem. "Isso ocasiona até acidentes domésticos, a gente vê muito isso. Temos informação de crianças queimadas, com algum membro amputado, quando trabalha com operação de máquinas. Como agora está tudo fechado, ficam em locais estratégicos como semáforos e mercados públicos", acrescenta. O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil é lembrado em junho, data em que a Prefeitura de Maceió apoia a campanha promovida pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), para mobilizar a população e alertar para o risco de crescimento do trabalho infantil durante a pandemia do novo coronavírus. Este ano o tema da campanha é“‘Covid-19: agora, mais do que nunca, protejam crianças e adolescentes do trabalho infantil”. Segundo Liranise Alves, coordenadora de Enfrentamento ao Trabalho Infantil da Semas, as ações programadas para este ano têm o objetivo de sensibilizar a população e motivar a reflexão sobre as consequências do trabalho infantil. “Queremos mostrar como a pandemia da Covid-19 tem afetado também milhares crianças e adolescentes e suas famílias, aumentando os índices de trabalho infantil”, destacou a coordenadora. De acordo com a Semas, Maceió tem um trabalho permanente de combate ao trabalho infantil. “As equipes da Semas fazem a identificação por busca ativa, com as equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) e do Peti Violante – que é um projeto para identificar crianças e adolescentes em vulnerabilidade social que estejam trabalhando – , oferecendo encaminhamentos adequados às famílias e diminuindo a incidência de trabalho infantil e juvenil na capital. O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil foi instituído pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2002, data da apresentação do primeiro relatório global sobre o trabalho infantil na Conferência Anual do Trabalho.