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Nº 5861
Cidades Pesquisa quer descobrir como está a situação da caatinga em Alagoas e quais as áreas onde a deterioração é notável

GRUPO DE TRABALHO PESQUISA USO SUSTENTÁVEL DA CAATINGA EM AL

Pesquisadores se unem a outros cientistas do Nordeste com o objetivo de preservar o bioma

Por Thiago Gomes | Edição do dia 29/07/2020 - Matéria atualizada em 29/07/2020 às 06h00

Um grupo de trabalho formado por pesquisadores de todo o Nordeste iniciou um mapeamento da caatinga com o propósito de contribuir com a instituição de um ato normativo para uso sustentável deste bioma. Em Alagoas, o levantamento vai começar em Delmiro Gouveia, mas deve se concentrar nos 26 municípios que formam a região do semiárido. Na próxima sexta-feira (31), os integrantes vão se reunir para elaborar o cronograma de atividades e estabelecer a metodologia a ser aplicada ao longo da pesquisa, a ser guiada por professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e membros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os objetivos são descobrir como está a situação da caatinga na região, quais as áreas onde a deterioração é notabilizada e, a partir destes dados compilados, direcionar ações específicas para aplicar os instrumentos da pesquisa. O superintendente do Ibama em Alagoas, Mário Daniel Sarmento de Moraes, que integra o GT na condição de suplente, explica que o bioma vem sendo degradado bastante ao longo dos anos, sem que uma política de Estado intervenha de maneira mais contundente no sentido de amenizar os danos.

“De antemão, já adiantamos que não vamos mais permitir as atividades de carvoarias na caatinga. Por outro lado, não podemos deixar que o homem do campo, que sobrevive deste ofício, não perca o seu sustento”, comentou. A ideia do projeto surgiu em Pernambuco, onde pesquisadores decidiram estudar o uso contínuo da caatinga e os seus impactos no meio ambiente. Foi feito um levantamento inicial e, a partir dele, sentiu-se a necessidade de, junto ao Ministério do Meio Ambiente, estender o trabalho a toda a região Nordeste. No ano passado, segundo Mário Daniel, a iniciativa se transformou em um processo, no órgão ministerial, e, em seguida, uma política de execução. O Ibama foi designado para acompanhar as ações e contribuir com a pesquisa já iniciada por pesquisadores de universidades nordestinas, instituto de pesquisa e conservação, além da Embrapa. Uma das metas, no momento, é arregimentar mais cientistas interessados em contribuir com o levantamento.

Em Alagoas, foi necessário buscar uma informação mais recente para saber como está o bioma e quem são os seus usuários, para que sejam discutidas formas e alternativas para o uso sustentável. “Ao final, queremos contribuir para uma normatização do uso sustentável da caatinga. Hoje, o umbuzeiro tem propriedades farmacológicas mais ativas do que o omeprazol. O coquinho ouricuri serve como loção hidratante e protetiva contra os raios ultravioletas. Isso só foi possível descobrir através da validação do saber dos antigos, que precisa ser estudado e conhecido. É a ciência transformando este saber em produtos farmacológicos”, destaca o superintendente do Ibama.

Apesar de o estudo ainda estar na fase embrionária, o grupo é visionário e aproveitou o período da quarentena para estruturar a ideia. Um dos passos dado foi estabelecer uma articulação, em Brasília, para garantir as condições e o apoio mais do que necessário. Um dos que demonstraram simpatia ao projeto foi o senador Fernando Collor (PROS). O político foi procurado pelo grupo para que fizesse uma interlocução, junto aos ministérios, em Brasília, visando ao apoio à causa. “Collor, por meio da assessoria, já sinalizou o apoio de que precisamos, e estamos esperando o momento certo, diante desta pandemia, para uma conversa mais próxima para expor melhor nossas ideias e estabelecer este valioso apoio”, ressalta Mário Daniel. “Esse projeto será um marco para o nosso Sertão. Vai mexer com toda a estrutura do setor produtivo, envolvendo ONGs, sindicatos, associações e federações. Será, também, um divisor de águas na cultura e turismo sertanejos e, também, gerando oportunidades para os pequenos produtores rurais. Esse Grupo de Trabalho da Nova Caatinga, com o envolvimento direto do Ibama e a Universidade Federal de Alagoas, é a melhor notícia para a nossa gente, por anos tão esquecida. Estou muito feliz de poder dar minha contribuição enquanto agente público”, destaca o prefeito de Delmiro Gouveia, Padre Eraldo.

Pesquisa quer descobrir como está a situação da caatinga em Alagoas e quais as áreas onde a deterioração é notável
Pesquisa quer descobrir como está a situação da caatinga em Alagoas e quais as áreas onde a deterioração é notável - Foto: Divulgação
 


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