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Nº 5868
Cidades

HGE REGISTRA SUPERLOTAÇÃO NO FERIADO PROLONGADO

Profissionais de saúde dizem que situação é antiga e faltam desde medicamentos até material básico

Por Hebert Borges | Edição do dia 09/09/2020 - Matéria atualizada em 09/09/2020 às 06h00

Aglomerados em espaços improvisados nos corredores, acompanhantes e pacientes do Hospital Geral do Estado (HGE), situado no Trapiche da Barra, em Maceió, denunciaram à Gazeta a superlotação na unidade hospitalar registrada no feriadão da Independência. Entre gemidos de choro e dor, os cidadãos apelavam: “Governador, nós estamos clamando, pedindo socorro”. Desesperados, alguns questionavam: “Governador, cadê você?”. Mas não somente pacientes e acompanhantes denunciam a situação do maior hospital “porta aberta” de Alagoas. Nem somente eles questionam a presença do governador. De acordo com a Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Alagoas (Sineal), Renilda Barreto, estes profissionais estão “apagando fogo”. “O sindicato vem, ao longo desses anos, cobrando as autoridades condições dignas de trabalho. Entretanto, nas gestões do governo Renan Filho, tornou-se inviável, pois não temos acesso ao governante para dialogar sobre os problemas. Não temos incentivo financeiro, muito pelo contrário. Além disto, passamos por administrações que nada acrescentaram aquele hospital”, revela. Um acompanhante de paciente do HGE que entrou em contato com a Gazeta narrou a situação que estava vivenciando. “A situação está uma verdadeira calamidade. Todo mundo no corredor, eu vi duas pessoas morrerem enquanto esperavam atendimento, então, o que a gente sente é medo, além de tudo. Passei a noite inteira em pé, no corredor, enquanto esperávamos atendimento. Tinham pessoas jogadas lá no chão, dormindo. Faltavam muitos medicamentos, até Losartana, que é um remédio de pressão que custa 8 reais, está em falta lá. Faltam medicamentos, faltam materiais para o pessoal atender”, contou. Outra acompanhante desabafa. “Vocês estão pensando só em vocês...nem na África a gente vê uma situação dessa”, compara. A situação a qual a mulher se refere é o aglomerado de pessoas. Segundo ela, alguns dos pacientes não usam máscaras. De acordo com a presidente do Sineal essa situação de superlotação é tão antiga, que nem tem como estimar o tempo. “Nem o básico é assegurado pela gestão. Faltam desde materiais básicos até os medicamentos essenciais. Como exemplo, podemos citar os pacientes diabéticos e/ou hipertensos que não tem seus tratamentos assegurados, faltando materiais para curativos, medicamentos, aparelhos de pressão e outros. Se não conseguimos estabilizar esses pacientes, a única saída são os hospitais da rede, e esses muitas das vezes não atendem. Então já virou uma prática, os pacientes correm para o único hospital “porta aberta” que temos. E já chegam em estado avançado precisando de UTI ou Cirurgia, onerando mais os gastos públicos”, detalha. Renilda Barreto diz que o trabalho da Enfermagem, como um todo, fica prejudicado por conta do número de pacientes, pela falta de leitos, materiais, medicamentos e devido ao dimensionamento de pessoal. “Impossível gerenciar algo que não está sob controle. As enfermeiras estão adoecendo. Isso mexe não só com o físico, pela sobrecarga de trabalho, mas com a saúde mental dos profissionais. Ninguém consegue ir para casa sem pensar no que deixou no seu serviço. Que não pode cumprir nem 50% dos seus deveres, não por sua vontade, devido à falta de condições estruturais”, desabafa.

OUTRO LADO

Questionada, a assessoria de imprensa do Hospital Geral do Estado (HGE) respondeu que possui um núcleo de regulação interna e que este núcleo transfere os pacientes dentro do hospital,regulando as altas, fazendo os internamentos e transferindo também externamente. A assessoria explicou que este núcleo está organizando a área Azul da unidade, mas que o fluxo vem se organizando. A assessoria informou ainda na segunda-feira (7) que “não ocorreu um fato interno que tenha repercutido no quantitativo de pacientes presentes na recepção da Área Azul”. Segundo a assessoria, tem sido intensa a entrada de acometidos por doenças crônicas e suas complicações. “Além destes não procurar assistência médica nas unidades básicas durante as fases iniciais da agudização. Entretanto, o Núcleo Interno de Regulação (NIR) está em empenhado, 24h, na oferta de leitos dentro e fora da maior unidade de urgência e emergência de Alagoas”, diz a nota.

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