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Nº 5868
Cidades Maceió, 26 de junho de 2020
Ciclistas circulando na Via Expessa durante pandemia em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto: ©Ailton Cruz

MACEIÓ PRECISA DE 850 KM DE CICLOVIA PARA 200 MIL CICLISTAS

Estima-se que acidentes nas rodovias estaduais envolvendo bicicletas causem cerca de 600 mortes a cada ano

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 12/09/2020 - Matéria atualizada em 12/09/2020 às 06h00

/Maceió, 26 de junho de 2020
Ciclistas circulando na Via Expessa durante pandemia em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto: ©Ailton Cruz
/Maceió, 26 de junho de 2020
Ciclistas circulando na Via Expessa durante pandemia em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto: ©Ailton Cruz
/Maceió, 26 de junho de 2020
Ciclistas circulando na Via Expessa durante pandemia em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto: ©Ailton Cruz

Alagoas não reconhece, ainda, ciclovias como meio moderno, sustentável e saudável de mobilidade urbana. Maceió, por exemplo, tem 43 quilômetros de malha cicloviária e precisa de 850 Km para atender 200 mil pessoas. O resultado disso é a multiplicação diária de acidentes. Não existem números precisos, porém as associações dos triatletas, dos ciclistas, “pedaleiros” e os hospitais estimam que cerca de 600 ciclistas morrem anualmente nas rodovias estaduais. Os acidentes leves raramente são notificados. O Hospital Geral do Estado, em 2018, constatou o crescimento de 13,2% de acidentes, com atendimento 582 ciclistas. A maioria das vítimas é da região metropolitana de Maceió. Em segundo lugar, de Arapiraca. Chama a atenção das associações que mais de 80% dos acidentados e mortos são trabalhadores em deslocamento dos bairros periféricos em direção ou retorno do trabalho. “Infelizmente, o Estado, as prefeituras e a maioria dos motoristas ainda não reconhecem a bicicleta como meio de transporte sustentável e inteligente”, lamentou o ex-coordenador da Lei Seca, o capitão Emanuel Costa, ao comentar o crescimento dos acidentes e a falta de ciclovias inclusive na capital para atender à demanda crescente da população.

CONTRAMÃO

Os pré-candidatos a prefeito têm em suas plataformas de prioridade de campanha a “mobilidade urbana”. Como os últimos que se elegeram, a maioria promete construir ciclovias para atender principalmente os trabalhadores. Segundo as entidades dos ciclistas, hoje, além de não haver projeto em andamento, ocorre a redução da extensão cicloviária disponível. A cidade tinha 53 quilômetros de ciclovia, perdeu 10 quilômetros para ocupações irregulares, obras públicas e falta de fiscalização, revelou o coordenador da Associação Alagoana dos Ciclistas, Antônio Facchinetti. Os 43 km disponíveis precisam de obras, reclamam os ciclistas como o funcionário público José Carlos dos Santos, que pedala frequentemente entre os bairros de Jacarecica e Trapiche da Barra, onde trabalha. A associação contabiliza que pelo menos 200 mil ciclistas pedalam regularmente na região metropolitana. Entre eles, a maioria é trabalhadores, além dos que pedalam em diversos grupos espalhados pelas 12 cidades da região metropolitana, os atletas e aqueles de lazer.

TRIATLETAS

A cidade que abriga uma das maiores competições de triatlo do mundo – o “Ironman”– precisa de pelo menos 850 quilômetros de quatro modalidades de vias para bicicletas e um local de treinamento para atletas, cobra o presidente da Associação Alagoana de Triatletas, Welton Roberto. “Os atletas não podem pedalar na rua nem nas ciclovias. A maioria dos mais de 300 filiados sente a falta de segurança para ciclistas de qualquer modalidade. Pior para os trabalhadores que se deslocam de bicicleta e são vítimas constantes dos acidentes”. Welton explicou que a ciclovia não é lugar de treinamento porque as bicicletas desenvolvem até 50 km/h. “Não existe um lugar na cidade para treinar”. Ele disse que os associados dividem espaço com os carros e alguns acidentes costumam ser fatais, como o que vitimou Álvaro Vasconcelos Filho [em 15 de julho de 2013], lembrado até hoje. “A falta de vias com segurança contribui para multiplicar os acidentes”.

TRABALHADOR

Foto: Ascom/Ufal
 


Antônio Facchinetti revelou um balanço do Detran de Alagoas, que, segundo ele, aponta 600 mortes de ciclistas por ano em todo o Estado. Mais de 70% das vítimas são de Maceió e em segundo lugar, Arapiraca. Ao falar da insegurança destacou que os 43 km de ciclovias existentes precisam de obras para facilitar a vida dos trabalhadores. Às margens da lagoa Mundaú, havia 10 quilômetros de ciclovias nos dois sentidos. Ambas foram invadidas. A via do Papódromo até o Mercado da Produção não existe mais: está ocupada por barracos de marisqueiros e muito lixo. No sentido contrário, que ligava o Mercado até a praia do Trapiche da Barra, foi invadida há mais de 15 anos. Sem fiscalização, os moradores se apoderaram e construíram muros em vários trechos. Se a ciclovia da lagoa estivesse preservada, representaria um quinto do que a cidade disponibiliza e teria 53 quilômetros exclusivos para ciclistas. Facchinetti destacou que o maior trecho transitável é o que liga o bairro de Jacarecica até o prédio do antigo Detran, no Pontal da Barra. Nesse trecho, há três quilômetros destruídos por causa de obras da Braskem. “As ciclovias e ciclofaixas são carentes de manutenção, sinalização, obras de reparos, fiscalização”, afirmou. Os poucos quilômetros que existem na região do Tabuleiro do Martins e na Avenida Menino Marcelo (antiga Via Expressa) também foram invadidos, denuncia os trabalhadores como o pedreiro José da Silva Alcântara, morador da Cidade Universitária e que se desloca diariamente entre carros pelas avenidas Fernandes Lima, Durval de Góes Monteiro ou pela Menino Marcelo. Para fugir do perigo, ciclistas pedalam pelas calçadas, disse o mecânico José Cícero, do Benedito Bentes. Na parte alta, quase todas as ciclovias foram ocupadas por carrinhos de sorvete, pontos clandestinos de acarajé, de churrasquinhos e outros tipos de comércio informal. Leia mais nas páginas A16 e A17

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