O Dia das Crianças de 2020 certamente ficará na memória dos pequenos. Com a Covid-19, os meses foram marcados por isolamento social e retomada dos setores econômicos e dos espaços comuns de lazer. Em um piscar de olhos, a rotina mudou e as famílias se reinventaram para moldar os lares em escritórios, escolas e casas. Tudo em um só lugar.
Na casa do gerente comercial Rodrigo Filgueiras Gondim, 33 anos, da Luna Isabelle Rios Gondim, 3 anos, do João Daniel Rios Gondim, 9 anos, e da Juliana Kelly Santana Rios, os pequenos tiveram um impacto muito forte, alguns pontos foram positivos, que foi o aumento do convívio entre eles, quando a pandemia estava exigindo a paralisação das atividades. “O isolamento fez com que pudéssemos aproveitar melhor alguns detalhes que, no dia a dia normal, teriam passados despercebidos, porém surgiram efeitos negativos, diz Rodrigo.
“Meu filho mais velho ficou muito mais tempo usando celular, principalmente jogos. A rotina de acordar cedo e dormir cedo foi totalmente quebrada. Passou a ter muita dificuldade em ter disciplina com os horários de alimentação, tarefas da escola e principalmente foco nas aulas”.
Apesar de já ter retomado ao trabalho e às atividades externas cumprindo o isolamento, Rodrigo conta que ainda estão tendo dificuldades, pois, mesmo quando o filho se esforça um pouco, a irmã, que não tem compreensão, atrapalha, por querer chamar a atenção. “A irmã pequena ficou muito agitada, talvez pela fase dela, com 3 anos. Todo mundo em casa despertou muita coisa diferente. Temos uma pessoa que cuida dela e que nos ajudou bastante, pois até atender telefones em casa estava difícil, porque ela atrapalhava”, relata o gerente comercial.
Rodrigo relata, ainda, que o fato de a família perder a rotina fez com que o filho não seguisse direito as orientações e o uso devido do aparelho e dos óculos não foi seguido corretamente.
“Isso gerou muito atrito entre ele e a mãe. Tivemos muita dificuldade com o controle emocional deles, pois estavam mais irritados e sem muitas opções de lazer. Como moramos em apartamento isso dificultou também. Mas o que mais afetou, foi o uso excessivo do celular para jogar online com os amigos da escola. Acho que eles viram uma forma de estar juntos, se conectando , mas não conseguiam controlar o tempo e isso nos trouxe muito conflito, pois meu filho mais velho argumentava que não tinha outras opções para brincar”, e completou dizendo “Impactou mais na questão psicológica, devido a ausência de relacionamento com outras crianças e principalmente a rotina”, diz.
Sobre o que mudou na vida da família, principalmente enquanto pais na relação com os filhos, Rodrigo diz que não exige receita pronta para educar um filho, que se estar atentos a cada detalhe e dar mais atenção ao que eles dizem e o que sentem.“Com o avanço da geração deles e a tecnologia disponibilizando um turbilhão de informações, está muito difícil convencer e explicar algumas situações , sem que haja resistência ou argumentações que até me surpreendem”.
Horários invertidos, bagunça e risco de acidentes, além do barulho, foram os principais pontos citados pelo gerente comercial.
“Criança precisa pular, brincar e, às vezes, extravasar um pouco para gastar a energia acumulada, e o fato de ficar isolado, a diferença de idade dos meus filhos, isso ficou bem complicado dentro de casa”. A jornalista Milena Barbosa, de 30 anos, conta que de um modo geral as atividades em casa são divididas, o que deixou a rotina mais leve do que poderia ser.
“Se eu tivesse que assumir tudo sozinha, seria muito difícil”, conta. Como esse período de home office aconteceu em decorrência da pandemia, ainda conforme o relato da jornalista, a única demanda em ambiente externo que tiveram foi para ir ao mercado.
“Estar em casa em tempo integral nos forçou a organizar a rotina dentro do ambiente mesmo”. Com relação às dificuldades, Milena retrata que foi com relação ao acompanhamento das filhas nas aulas e trabalhar ao mesmo tempo. “No início, precisou de um período de adaptação às ferramentas digitais e auxílio mas atividades. De um modo geral, não tivemos maiores dificuldades com o home office. Na verdade, o fato de economizar as horas do trajeto entre a casa e o trabalho, fez com que me atentasse e pudesse investir esse tempo em assuntos pessoais”. Leia mais na página A14.