Poucos dias após Maceió ultrapassar mil óbitos pelo novo coronavírus, a Gazeta de Alagoas traz um panorama sobre a doença na capital, com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria de Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag). Em oito bairros, a situação é mais complicada, eles lideram casos e mortes: Jacintinho, Benedito Bentes, Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Clima Bom, Ponta Verde, Jatiúca e Ponta Grossa. Todos os cinquenta bairros de Maceió tiveram casos confirmados de Covid e, em 96% deles, houve mortes. A taxa de letalidade na capital ultrapassa 3% e se aproxima de 5% no segundo e no quatro distritos sanitários que envolvem quinze localidades, a maioria delas em regiões com população mais vulnerável: Vergel do Lago, Levada, Centro, Bom Parto, Chã da Jaqueira, Bebedouro, Mutange, Petrópolis, Fernão Velho, Trapiche da Barra, Pontal da Barra, Prado, Ponta Grossa, Santa Amélia e Rio Novo. “A letalidade indica em percentual a gravidade da doença. A letalidade em Maceió é maior nos 4º e 2º DS”, confirma boletim da SMS. Já em relação à Taxa de Incidência da Covid-19 em Maceió por Distrito Sanitário (DS), que evidencia onde a doença ocorre com mais intensidade, são os 1º, 3º e 2º DS. Nesse caso, corresponde cerca da metade dos bairros da capital, que inclui além dos que têm alto índice de letalidade, também Mangabeiras, Jatiúca, Jaraguá, Poço, Ponta Verde, Ponta da Terra e Pajuçara. Sobre a taxa de mortalidade por mil habitantes, a situação é mais preocupante - com 1,60/1mil - Vergel do Lago, Levada, Centro, Ponta Grossa, Prado, Trapiche da Barra e Pontal da Barra, que compõem o segundo Distrito Sanitário. Além desses, registram o índice 1,26/1mil localidades da parte baixa de Maceió.
CASOS CONFIRMADOS
Quando se fala em casos confirmados para a Covid-19, segundo Distrito Sanitário de residência, a maior quantidade está no 7º DS – mais de 6,6 mil infectados (Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Santos Dumont, Clima Bom e Santa Lúcia), seguido do 1º DS, que ultrapassa os 5,2 mil e do 5º DS (Jacintinho, Feitosa, Barro Duro, Serraria e São Jorge), com cinco mil. Os bairros Jacintinho, Benedito Bentes, Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Clima Bom, Ponta Verde, Jatiúca, Vergel do Lago, Ponta Grossa e Trapiche da Barra somam juntos cerca de 530 mortos por Covid. Desses, o primeiro lidera com 80 vítimas; o segundo mais de 70 e, o terceiro, ultrapassou 60 óbitos. Em relação à quantidade de casos confirmados, Jacintinho, Benedito Bentes, Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Ponta Verde, Jatiúca, Clima Bom, Serraria, Ponta Grossa e Feitosa têm mais de 15,5 mil infectados, o que representa quase 53% das notificações na capital que se aproxima de 30 mil.
CAPITAL E INTERIOR
Para o professor Gabriel Bádue, do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19, vinculado à Faculdade de Nutrição da Ufal, considerando o número de novos casos e óbitos registrados nos últimos quatorze dias, período mínimo indicado para se analisar o controle da pandemia, a situação de Maceió e do interior não apresenta diferenças significativas. “Entre a 41ª e 43ª semana epidemiológica tivemos uma oscilação na incidência semanal de casos, que registrou uma queda entre as duas primeiras e voltou a subir na última semana. Por outro lado, o número de óbitos diminuiu nesse período. Uma outra evidência que indica o controle momentâneo é a diminuição pela procura dos serviços de saúde por pacientes com sintomas de Covid-19, o que reflete na estabilidade da ocupação dos leitos destinados ao tratamento das vítimas da pandemia, que se mantém bem abaixo do limite de segurança recomendado (70%), mesmo com a diminuição na oferta ocorrida há duas semanas. Esse cenário é observado tanto no interior, quanto em Maceió”, explica o professor e pesquisador Gabriel Bádue. Ele acrescenta que, “para além desses indicadores, um outro dado que estamos acompanhando é o número de casos suspeitos que, paralelamente à queda nas notificações de casos, tem se mantido entre 2,5 e 3 mil casos”. Considerando as diretrizes do Ministério da Saúde que definem casos suspeitos os que apresentam sintomas, mas ainda não foram diagnosticados, sejam por avaliação clínica ou laboratorial, e que há, segundo os boletins da Sesau disponibilidade de testes, não entendemos as razões que expliquem esse quantitativo de casos suspeitos, detalha Bádue à reportagem.