A pandemia do novo coronavírus segue provocando impactos consideráveis na economia dos mais diversos setores. Com a venda e compra de pescados o cenário não foi diferente. Em Maceió, comerciantes e pescadores afirmam que a alta no preço do pescados e mariscos chegou a ser de até 25% em alguns produtos. Há quase quatro meses após a liberação da reabertura do comércio pelos governos estadual e municipal, vendedores do Mercado do Peixe, localizado no bairro do Jaraguá, afirmam que as vendas ainda não retomaram ao ritmo do período anterior a pandemia. Maria do Rosário, que trabalha no local há cerca de 25 anos com venda de camarões, fala que apesar do aumento no valor do pescado pelos fornecedores, ela optou por não repassar a alta para os consumidores, para que as vendas não fossem mais prejudicadas. "A venda durante aqueles dias de isolamento social foi muito difícil, foi um momento muito complicado, quase não tinha saída. Agora melhorou um pouco, mas tá muito fraco ainda, não conseguimos recuperar totalmente. Os fornecedores aumentaram o valor dos produtos, mas eu preferi não repassar pros consumidores, pra não piorar mais ainda as vendas", contou. Apesar dos impactos nas vendas acontecerem de forma generalizada, outros vendedores tentaram amenizar o abalo econômico se adaptando à novas formas de venda. É o caso de Marinho, vendedor de pescado há mais de 30 anos, que encontrou no delivery uma forma de amenizar os prejuízos da economia. "Foi muito complicado pra todo mundo esse período de fechamento do comércio, as pessoas pararam de vir até o mercado, mas a venda por delivery me ajudou, não deixei de atender meus clientes, todos os dias eu faço a entrega na parte da tarde", disse Marinho. Os pescadores que fornecem o pescado aos comerciantes alegam que o aumento no valor dos pescado variou entre 20% e 25% e se deu em razão do aumento no preço do insumos utilizados por eles para a praticar a pesca, como o óleo diesel usado nas embarcações. É o que contam Ismael Tales e Edivaldo Batista. "A maioria dos produtos que a gente tem que utilizar pra fazer a pesca tiveram aumento no mercado, ficou tudo muito caro e infelizmente a gente teve que repassar esse aumento pros comerciantes", disseram. Eles contam ainda que houve dificuldade para escoar os pescados aos vendedores durante a pandemia. "Chegou a ter dia que precisamos segurar a mercadoria porque a gente chegava aqui pros comerciantes e eles ainda estavam cheios de mercadoria, não tinham como comprar da gente. Foi um momento bem complicado pra todo mundo", afirmam. Maria Aparecida, presidente da Colônia de Pescadores Almirante Jaceguay e liderança entre os pescadores, afirma que entre os maiores prejudicados pela pandemia foram os pescadores da orla lagunar. Ela pede olhar humano dos gestores para os pescadores. "Os pescadores da orla lagunar são os maiores prejudicados, o sururu está sendo vendido por R$ 12 em alguns lugares e isto está acontecendo por conta da falta de procura dos consumidores. Infelizmente durante a pandemia contamos com pouco auxílio pra ajudar os pescadores. O que a gente precisa é de um olhar mais humano das secretarias responsáveis para essa população", concluiu.
* Sob supervisão da editoria de Economia.