O ano atípico causado pela pandemia do novo coronavírus também teve o maior número de homicídio em Alagoas, na comparação com todo o ano de 2019. Nem mesmo o isolamento social fez diminuir essa triste estatística no Estado. Conforme o Boletim Mensal de Estatística Criminal, da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL), até o mês de novembro deste ano foram registrados 1.205 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs). Em todo ano passado, o Estado registrou 1.188, ou seja, um crescimento de 1,43% no índice de mortes. No entanto, o ano de 2020 deve terminar com um número ainda maior, já que os dados do mês de dezembro, que já se caracteriza como bastante violento, ainda não foram disponibilizados. A média de mortes por dia também cresceu de 3,25 para 3,48 em 2020. Do total de mortes, 92% das vítimas destes crimes são homens e apenas 7,8% mulheres. Na distribuição de homicídios por meses, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, outubro e novembro tiveram os maiores casos registrados. Apenas julho, agosto e setembro apresentaram pequena queda. Isso significa que, nem mesmo o isolamento social disposto pelo decreto governamental, conseguiu frear a situação no estado. Segundo a estatística, o mês de fevereiro, um antes do isolamento, em que também ocorreu o período do carnaval, foi o mais violento, com 151 mortes contra 106 do ano passado, 49% a mais só neste mês. Após o decreto, no dia 23 de março, os meses seguintes continuaram a registrar aumento no número de homicídios. Confira: março (101 - 108); abril (107 - 124); maio (106 - 110); junho (86 - 104). Os meses de julho (86 - 81); agosto (82 - 80); setembro (108 - 101) tiveram queda, mas o números voltaram a crescer em outubro (102 - 112) e novembro (96 - 124). Os dados também dispõem sobre os casos a cada dia da semana, sendo o sábado o que mais registra casos de homicídio. Do início do ano até novembro, 215 pessoas morreram no sábado, representando 18% dos casos, seguidos do domingo (17%), quinta-feira (15%), segunda-feira (14%), quarta e sexta-feira (13%) e terça com (11%). Dentre os homicídios deste ano, 20 deles ocorreram contra LGBTQI+. Um aumento de 122% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando o Estado registrou 9 assassinatos. “O aumento da violência se deu, provavelmente, por conta do isolamento. É notório o aumento de violência doméstica, em especial contra a mulher. Além de tudo, com o fechamento e o distanciamento social, os cidadãos foram impulsionados para eventos clandestinos, longe dos olhos da segurança pública, ou seja, ambiente propício para atos violentos. O uso de bebidas e drogas também teve aumento, consequentemente, de abuso. Em resumo, o criminoso ficou mais distante da visão do Estado, dificultando toda e qualquer ação preventiva”, analisa o especialista em segurança, Daniel Saraiva.
FAIXA ETÁRIA
A estatística mostra que os jovens são as maiores vítimas de homicídios no Estado. Os crimes violentos por idade em Alagoas, no período de janeiro a novembro de 2020, ocorreram mais na faixa dos 18 aos 19 anos e representaram 51,4% do número geral de casos. 71% foram mortos por arma de fogo e 15,4% por arma branca. Mais de 73% das pessoas assassinadas em Alagoas eram pardas, seguidas de 14,5% de brancas e 8,2% pretas. E não existiam informações sobre raça/cor em 3,4%. Os dados da SSP mostram, ainda, que a maioria das vítimas foram assassinadas em locais públicos, em casa ou próximo de onde moravam, com 50,7% e 40,8%, respectivamente. Do total de CVLI, 1.089 foram homicídios dolosos (simples e qualificado), 88 por resistência com resultado morte, 21 por latrocínio e sete de lesão corporal seguida de morte.