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Nº 5868
Cidades

SÃO MIGUEL: ENTIDADE ENTRA NA JUSTIÇA CONTRA RETIRADA DE ESTÁTUA

Monumento que homenageia folclorista negra foi recolhida de praça pela prefeitura

Por luan oliveira | Edição do dia 07/01/2021 - Matéria atualizada em 07/01/2021 às 04h00

Após uma estátua da folclorista Nair da Rocha Vieira ser serrada de seu pedestal e retirada de uma praça de São Miguel dos Campos, no interior de Alagoas, o Instituto Negro de Alagoas (Ineg/AL) afirmou que entrou com ação na Justiça contra a gestão do município. Em nota, o instituto afirmou que o ato da prefeitura é um “ataque e desrespeito à memória negra miguelense e alagoana”. A retirada da estátua foi uma das primeiras ações da gestão recém-empossada de George Clemente (MDB) no município. Vídeos circularam nas redes sociais do monumento sendo serrado de sua base por trabalhadores. Ao Ineg/AL, a prefeitura afirmou que a retirada foi feita com o intuito de preservar a estátua, que apresentaria sinais de depredação. Ela teria sido levada para a Casa da Cultura do município. “Uma estátua ou uma obra de arte em uma em uma praça, no centro da cidade, tem como objetivo principal dar visibilidade, não só a homenageada, mas a toda cultura que ela representa, objetivo esse que não será realizado, uma vez que a peça estará agora dentro de uma sala, que por mais que seja visitada é restrita”, escreveu o Instituto. A ação foi protocolada na 2ª Promotoria de Justiça de São Miguel dos Campos, sob o argumento que a retirada vai de encontro ao Estatuto da Igualdade Racial e artigos da Constituição Federal.

O professor de Estudos Clássicos, Jadir Pereira, publicou o vídeo em suas redes sociais acompanhado de uma explicação de quem era Nair da Rocha, que faleceu em 1992. “A Mestra Nair era neta de Maria Rosa do Engenho Varrela, escravizada, e de Epaminondas da Rocha Vieira, o Barão de São Miguel. Daí ser referenciada na história de Alagoas como a ‘Baronesa Negra de São Miguel por Grandeza’”, escreveu.

Ela fazia doces e passava roupas nas ruas do município para conseguir seu sustento. Nair era também mentora de Teieras, tradicional folguedo de matriz africana e sincretizado ao calendário católico. Na base de sua estátua, que segue na praça, se lê “teieras miguelenses” Jadir classificou o episódio como um atentado contra o patrimônio histórico de Alagoas. Segundo ele, a mensagem dada seria que “mulheres pretas e pobres não podem ser representadas em praça pública. As praças são dos Marechais”.

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