FÁBIA ASSUMPÇÃO Cerca de 10% dos 660 mil consumidores da Companhia Energética de Alagoas (Ceal), que consomem mais de 350 quilowatts mensais, vão ter que desembolsar um pouco mais para pagar a conta de energia a partir deste mês. O assistente da direção comercial da Ceal, Antônio Carlos Quintilliano, informou, ontem, que todos esses consumidores terão acrescido na conta de energia elétrica o percentual de 0,006481 por quilowatt/hora consumido, que corresponde a um encargo emergencial para a compra de energia das termelétricas. Antônio Carlos explicou que a Ceal ainda não tem o cálculo de quanto representará, em reais, a aplicação desse percentual. Mas adiantou que a Ceal não receberá nenhum centavo a mais com a cobrança desse encargo emergencial. “Esses recursos serão repassados para a manutenção das termelétricas”, observa, não sabendo informar até quando será feita a cobrança desse encargo. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que informa à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) qual a quantidade de energia será preciso ser gerada pelas termelétricas. A decisão de utilizar a energia das termelétricas foi tomada devido ao baixo nível dos reservatórios de água das hidrelétricas do Nordeste, problema causado pela baixa média de chuvas, registrada no ano passado, na região da Serra da Canastra, em Minas Gerais. “Quando não chove na Serra da Canastra isso provoca uma queda nos níveis de reservatórios do Nordeste”. A intenção do governo, com a utilização da energia das termo, é evitar um colapso no sistema, já que o período de estiagem na região da Serra da Canastra começa oficialmente a partir de fevereiro. Na semana passada, fortes chuvas atingiram o Estado de Minas Gerais, mesmo assim, o governo decidiu se precaver”, esclareceu. Acordo A Ceal também fechou um acordo com seis usinas de cana-de-açúcar para que elas comecem regularizar o pagamento das contas de energia, a partir de dezembro. O assistente da diretoria comercial da Ceal, Antônio Carlos Quintilliano, explicou que eles garantiram o pagamento das contas atuais, até que seja julgado pelo Superior Tribunal de Justiça o pedido de cassação das liminares que impedem à Ceal de cobrar ou cortar o fornecimento de energia dos consumidores inadimplentes. “Dos R$ 100 milhões que a Ceal têm a receber, R$ 60 milhões estão protegidos pelas liminares”, informou. Muitas destas liminares vigoram há mais de 17 anos, quando vários consumidores entraram com ação na justiça na época ainda do Plano Cruzado, contra um reajuste nas tarifas de energia. Sem receber esses recursos, Antônio Carlos ressalta que a empresa fica impedida de fazer investimentos para melhoria do setor elétrico. Em Alagoas, mais de 65 mil consumidores ainda não têm energia elétrica em casa.