A Gazeta pergunta ao professor Sérgio Lira em relação a variante do vírus, se o baixo número de testagem em Alagoas pode trazer algum tipo de impacto no combate à pandemia. “Para a detecção de novas variantes é necessária a realização do sequenciamento genético nas amostras positivas para o vírus, só assim poderíamos mapear mutações e identificar as cepas que circulam na população”, diz.
O pesquisador cita que em Sergipe foi realizado recentemente um estudo genético das variantes de coronavírus circulando em sua população. “Mas até onde sei isso ainda não foi realizado em Alagoas. Seria muito importante realizar investimentos em pesquisas deste tipo também no nosso estado, ou então não saberemos que variantes circulam por aqui. A própria OMS pediu que as nações se esforcem mais para detectar e monitorar as novas cepas”, declara. Se o grande número de casos em investigação é reflexo da falta de testagem e se pode afetar o combate à pandemia, Sérgio Lira afirma acreditar que possa trazer prejuízo sim. “Aparentemente não conseguimos dar resultados rápidos o suficiente e eles se acumulam. Os prejuízos podem ser vários: miopia com relação a situação epidêmica atual, incapacidade de detectar um novo repique, aumento do contágio em hospitais por falta de diagnóstico eficiente e descrédito ao recomendar isolamento de indivíduos”, avisa. Sobre a presença dessas variantes entre nós, o professor lembra que os vírus sofrem mutações naturalmente em seu processo de replicação e o acúmulo dessas mutações dá origem à diversidade de variantes, é um processo de evolução biológica sempre presente e que algumas das variantes são bem preocupantes porque podem ser mais transmissíveis que outras, como é o caso da detectada no Reino Unido e a de Manaus. “Caso uma variante deste tipo se dissemine numa população, a taxa de transmissão da doença aumenta significativamente e provoca um crescimento brusco de casos, hospitalizações e mortes. Isso oferece um grande risco ao sistema hospitalar que pode entrar em colapso muito mais rapidamente que na primeira onda, como vimos acontecer recentemente em Manaus. Além disso, quando uma variante mais transmissível se torna dominante as medidas de contenção da epidemia precisam ser redobradas para terem o mesmo efeito, como de fato ocorreu no Reino Unido quando a variante mais transmissível foi detectada no fim do ano”, finaliza Sérgio Lira. A Gazeta entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para obter dados sobre a testagem para a Covid no Estado, mas até o fechamento da reportagem não conseguiu resposta.