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Nº 5897
Cidades Maceió, 06 de março de 2020
Violência contra a mulher é todo ato que resulte em morte ou lesão física, sexual ou psicológica de mulheres, tanto na esfera pública quanto na privada.
Foto: ©Ailton Cruz

CARNAVAL: AL JÁ REGISTRA 88 CASOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Para entidades de proteção da mulher, número pode ser ainda maior do que o divulgado

Por william makaisy | Edição do dia 17/02/2021 - Matéria atualizada em 19/02/2021 às 13h25

A violência contra a mulher continua crescendo em Alagoas. Desde o início do período de Carnaval, a Polícia Militar (PM) já registrou 88 casos de violência contra a mulher, segundo o boletim divulgado na manhã de ontem pelo Núcleo de Estatística e Análise Criminal (NEAC), da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL). Os casos começaram a ser contabilizados na noite da última sexta-feira (12) e, para entidades de proteção à mulher, o número pode ser ainda maior que o divulgado.

De acordo com a vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa das Mulheres, Amanda Balbino, o número é menor que o registrado no mesmo período do ano passado, porém continua sendo preocupante. “No ano passado foram registrados cerca de 141 casos durante esse mesmo período. Porém, 88 casos ainda é um índice alto, principalmente para um período de pandemia no qual nós encontramos”, disse.

Ela destacou ainda que a violência contra mulher aumenta, de forma considerável, em épocas festivas como o Carnaval. “O excesso de álcool, associado à cultura patriarcal, reforçam a objetificação dos corpos femininos e esses fatores associados a um cenário de reclusão só intensificam ainda mais o cenário de violência doméstica.”

Amanda ponderou ainda que campanhas de conscientização e reeducação, como a ‘Não é Não’ e outras sobre assédio no carnaval, têm tido efeitos muito significativos, mas ainda é necessário que o governo do estado se sensibilize sobre a vulnerabilidade das vítimas e dê a elas condições de denunciar. “As delegacias da mulher do estado mesmo não funcionam nos fins de semana, então muitas dessas mulheres agredidas durante o carnaval certamente precisaram recorrer a um b.o online, a uma delegacia civil comum ou esperar pelo horário comercial de funcionamento da Delegacia da mulher mais próxima da sua casa, o que é um verdadeiro absurdo”, destacou.

Para Júlia Nunes, uma das representantes da Associação AME, entidade que acolhe e protege mulheres vítimas de violência, esses números, apesar de altos, ainda não refletem totalmente a realidade alagoana. “São números altos mas não refletem a realidade dos lares alagoanos. A pandemia elevou o índice de violência doméstica contra mulher. Para se ter noção, 36% das vítimas que nos procuram não formalizam a denúncia”, disse a representante.

“São muitos fatores que levam uma mulher a não denunciar agressões sofridas, sejam elas quais forem. Eles vão desde ao medo da vítima em denunciar, a falta de delegacias de pronto atendimento e ao desconhecimento dos direitos enquanto mulher e cidadã. Não tenho dúvida alguma que o número é muito maior.”

Nunes salientou ainda que, faltam campanhas educativas que reforcem o conhecimento sobre os direitos das mulheres, além da necessidade emergencial de delegacias especializadas, que fiquem abertas nos dias que são mais necessárias ao público feminino, como nos fins de semana e nos feriados. “E, claro, resposta rápida da policia, tirando a sensação de impunidade.”

Ela contou também que na AME trabalham de forma multidisciplinar para acolher vítimas de violência. A vítima é recebida por uma assistente social com atendimento humanizado e, posteriormente, passa por outros setores, para que haja total cuidado, como o setor médico, jurídico e psicológico. “Aquelas que estiverem passando por algum tipo de problema ligado a violência podem entrar em contato através do instagram @associacaoame ou pelo número (82) 9 9630-1008.”


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