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Nº 5897
Cidades Crime aconteceu no estacionamento do Fórum do Barro Duro, na capital alagoana

“MINHA VIDA SE FOI”, DESABAFA ADVOGADA APÓS MORTE DO MARIDO

Maricé́lia Schlemper diz que José Benedito Alves de Carvalho lhe deu força e disse que estaria com ela

Por Lucas Rocha | Edição do dia 11/03/2021 - Matéria atualizada em 11/03/2021 às 04h00

A advogada Maricé́lia Schlemper, mulher do bacharel em direito José Benedito Alves de Carvalho, assassinado em frente ao Fórum do Barro Duro, em Maceió, no final da tarde dessa terça-feira (9), compartilhou nesta quinta (10), mensagem em que agradece os pronunciamentos de apoio recebidos por ela. No texto, ela relata aos amigos como foi o momento do crime. “O advogado do italiano me chamou para fazer um acordo. Eu achei estranho. Liguei ainda duas vezes para o fórum, para confirmar se haveria audiência mesmo”, relata Maricélia. Ela afirma, ainda, que compartilhou o incômodo com o marido. “Ele me deu força e disse que estaria comigo”, comentou. A advogada relata que, ao chegar ao fórum, o cliente da parte contrária, o italiano Pasquale Palmeri, de 75 anos, teria se aproximado do casal, sorridente. “Vamos fazer o acordo, né doutora? Eu respondi que dependia dos termos. Ele friamente tirou a arma do bolso e apontou bem no meio da minha cabeça. E disse: acordo coisa nenhuma! Eu congelei”, narra. Ao perceber a arma, José Benedito a teria empurrado para fora da mira, e o atirador ainda o teria ameaçado, antes de efetuar os disparos. “O assassino disse algo bem ruim ao Bill. Tipo, agora é você! Atirou no peito dele e ainda tentou me atingir novamente”. A advogada e a cliente teriam, então, corrido para a porta do fórum. Maricélia prestou depoimento ainda na noite de ontem. Ela esteve na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), acompanhada de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL). O relato da vítima, aliado às investigações da polícia, pode levar o suspeito a responder por homicídio qualificado e pela tentativa de homicídio contra as outras duas vítimas, segundo informação do relatório do Centro Integrado de Operações da Segurança Pública (Ciosp). Ainda segundo o relatório, foram achados no carro do suspeito, estacionado no fórum, um aparelho celular, três chips de telefonia móvel, R$ 5.786,00, uma fita crepe de cor amarela utilizada para encobrir a placa de um automóvel, cinco cartões de crédito, nove munições calibre .32 - sendo duas deflagradas, três pinadas e quatro intactas. Também foi encontrada a quantia de US$ 20. As apreensões levam a polícia a entender o crime como premeditado. Logo após o homicídio, o italiano foi preso e conduzido à Central de Flagrantes I, no bairro do Farol. No relato compartilhado hoje pela vítima, ela lamenta a morte do marido. “Estou completamente sem chão. O amor da minha vida morreu me protegendo. Minha vida se foi. Não tenho mais razão para viver. Ele era minha alma gêmea”, ela conclui.


NOTA DE REPÚDIO

Em nota, a Associação Alagoana de Magistrados (Almagis) se mostrou inconformada com o crime. “Nosso inconformismo se dirige não apenas ao meliante que promoveu disparos de arma de fogo contra uma advogada e seu marido, mas também a todos aqueles que alimentam e propagam a cultura da violência”, diz o presidente da entidade, Sóstenes Alex Costa de Andrade, na nota. “De nossa parte, enquanto entidade de classe que se preocupa com todos os atores do sistema de Justiça, como juízes, promotores, defensores públicos, advogados, jurisdicionados, entre outros, continuaremos exigindo segurança para nossos fóruns e acompanhando de perto o desfecho de casos absurdos como o ocorrido, para que episódios dessa natureza estejam cada dia mais no passado distante do nosso cotidiano”, acrescenta Andrade.


ENTENDA O CASO

O bacharel em direito José Benedito Alves de Carvalho foi atingido por disparos de arma de fogo quando acompanhava a esposa, que é advogada, durante uma audiência de conciliação no Fórum do Barro Duro. O suspeito iria participar de audiência em que a esposa da vítima atua na defesa da parte contrária. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deu suporte médico à vítima e a levou ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas já chegou morto à unidade hospitalar. Uma pessoa que trabalha no fórum contou à Gazetaweb que a porta giratória do prédio, que possui detector de metais, não está sendo utilizada em razão da pandemia. Por meio de nota à imprensa, a OAB Alagoas salientou que “o episódio de violência ocorrido durante o exercício profissional da advocacia é um atentado contra a democracia e ao Sistema de Justiça”. A Ordem informou que o presidente da OAB-AL, Nivaldo Barbosa Jr., e a Diretoria de Prerrogativas estão acompanhando o caso. A advogada Maricélia Schlemper prestou depoimento ainda na noite de desta terça-feira. Ela esteve na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), acompanhada de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL). O relato da vítima, aliado às investigações da polícia, pode levar o suspeito a responder por homicídio qualificado e pela tentativa de homicídio contra as outras duas vítimas, segundo informação do relatório do Centro Integrado de Operações da Segurança Pública (Ciosp).

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