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Nº 5897
Cidades Educação: assim como ocorreu em todo o mundo e nos demais estados do Brasil, Alagoas não estava preparado para lidar com uma situação tão inesperada como a pandemia

PANDEMIA: ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS SÃO OS MAIS PREJUDICADOS

Esse grupo terá mais dificuldades para voltar a ter um certo nível de aproveitamento pedagógico

Por Hebert Borges | Edição do dia 20/03/2021 - Matéria atualizada em 20/03/2021 às 04h00

Os estudantes pobres e de escolas públicas serão os mais penalizados pelos reflexos da pandemia na Educação. A avaliação é feita pelo professor doutor Jailton de Souza Lira, especialista em Educação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Lira relata que existe uma diferença grande entre aqueles estudantes que estão conseguindo acompanhar o ensino remoto, que segundo ele estão tendo mais facilidade em razão de uma certa bagagem cultural, de uma estrutura familiar existente anteriormente. “Mas certamente, os estudantes com menor poder aquisitivo e que estão na rede pública, que já tinham uma estrutura básica de organização e funcionamento precários, terão mais dificuldades para voltar a ter um certo nível de aproveitamento pedagógico, conforme a sua respectiva etapa de estudo”, avalia. O professor conta que é inegável que no caso da educação básica haverá uma maior distância entre o aproveitamento dos estudantes da rede pública comparado aos estudantes da rede privada, que influenciará na sua vida acadêmica futura. Lira conta que, assim como ocorreu em todo o mundo e nos demais estados do Brasil, Alagoas não estava preparado para lidar com uma situação tão inesperada. “De modo geral, apenas um seleto grupo de escolas de elite do setor privado dispõe de alguma estrutura que possibilite dar algum suporte aos profissionais para o desempenho das suas funções pedagógicas”, pontua.

Segundo ele, nos demais casos, tanto no setor público quanto no setor privado, os professores estão passando por um enorme processo de esgotamento físico e psicológico, sendo obrigados a preparar aulas online de modo improvisado, em suas casas, custeando com os seus próprios salários as despesas com internet, energia elétrica, computador, câmeras para gravação das aulas, além de precisar trabalhar os conteúdos curriculares simultaneamente com os estudantes que frequentam as aulas presenciais. “Ou seja, os professores estão exercendo uma carga horária bem maior do que a legislação e os planos de cargos normalmente definem”, alerta. No entanto, ele diz que é importante salientar que as instituições públicas até poderiam ofertar um ensino de maior qualidade nesse momento, além do que já estão fazendo desde o início da pandemia. “Mas como eles já partem - os sistemas públicos – de uma situação precária anterior, fica difícil fazer esse acompanhamento no momento em que os governos federal, estadual e municipais estão, de modo geral, investindo menos recursos na educação”, explica. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Consuelo Correia, conta que o prejuízo para a educação é imenso. “Perdemos o contato direto com os estudantes, que ficaram desprotegidos neste período de pandemia. Muitos não têm condições para acompanhar as aulas de maneira remota. Sem contar nos estudantes que dependem das escolas para se alimentar” Ela conta que do lado dos trabalhadores, o prejuízo é enorme, principalmente com o desgaste. “A administração pública não fornece os equipamentos necessários para esse volume de atividades remotas. Recebemos relatos de muitos professores que, na prática, estão sofrendo um encolhimento salarial, por ter que investir em aparelhos para cumprir a carga horária. Muitos perderam a sua privacidade, tendo o seu espaço invadido por contatos fora de hora”, relata. Consuel Correia diz que os reflexos na educação serão percebidos nos próximos anos. Ela diz que a tendência é de aumento da evasão escolar.

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