O descontrole na transmissão do coronavírus eleva, a cada dia, a taxa de ocupação nos hospitais destinados a pacientes com Covid em Alagoas. A abertura de vagas nas unidades não está acompanhando a velocidade da pandemia e o risco de colapso do sistema hospitalar é uma realidade.
Na avaliação do infectologista Fernando Maia, a situação em Alagoas é preocupante e se não houver redução da taxa de ocupação da UTI, o lockdown deve ser a alternativa. “Para abrir leitos precisamos de medicamentos e pessoal trabalhando. Não é tão simples como se pensa. Se tiver uma ocupação de mais 90% dos leitos de UTI, uma saída é o lockdown, que nunca foi feito em Alagoas, para reduzir a quantidade de pessoas circulando”, explica o médico.
Fernando Maia lembra que o momento exige extremo cuidado, há risco de colapso e que vários hospitais das redes pública e privada já fecharam o setor de urgência porque não têm condições de atender a demanda. “O ideal é que a taxa de ocupação de leitos da UTI fique em até 70%, se passar disso é preocupante e se chegar a 90% é hora de medidas mais urgentes. Essa situação só vai melhorar quando mais pessoas forem vacinadas”, acrescenta o infectologista.
Essa semana, quase todos os leitos de UTI foram ocupados, situação diferente de menos de um mês atrás quando 70% tinham pacientes. Das 367 vagas abertas em Alagoas, sobraram menos de 50 - uma taxa de 87% em Alagoas e de 89% em Maceió- segundo boletim de quinta-feira (25).
Para o pesquisador e professor Gabriel Bádue – do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) - a ocupação hospitalar, em especial dos leitos de UTI, é um dos indicadores utilizados para avaliar a evolução da pandemia em Alagoas, seguindo metodologia proposta pelo Subcomitê de Epidemiologia ligado ao Comitê Científico do Consórcio Nordeste (C4NE).
“Seguindo uma tendência observada desde o início da segunda quinzena de fevereiro, a ocupação dos leitos de UTI dedicados às vítimas da Covid-19 têm subido exponencialmente, o que têm demandado do governo do Estado a disponibilização de dezenas de novos leitos semanais. A título de ilustração, em 15/02 tínhamos 239 leitos de UTI disponíveis, dos quais 151 estavam ocupados, o que correspondia a 63% de ocupação”, explica Bádue.
O pesquisador lembrou que na quarta-feira, de acordo com boletim divulgado pela Sesau, havia uma oferta de 367 leitos de UTI dos quais 327 estavam ocupados, o que representa 89% de ocupação. “Ressaltamos ainda que em diversos municípios do estado, incluindo Maceió e Arapiraca que são sedes das duas macrorregiões de saúde, a taxa de ocupação é superior à 90%. Considerando que vários estados brasileiros já têm registrado filas de espera para leitos de UTI e que até o momento não há indícios de que as atuais medidas de controle estejam conseguindo conter a expansão na demanda por atendimento hospitalar, acreditamos que novas medidas estejam sendo planejadas para evitar um colapso da rede de saúde alagoana”, conclui.
Especialistas sugerem medidas mais rígidas como a suspensão de atividades não essenciais para conter a pandemia e evitar o agravamento da situação nos hospitais que atendem pacientes com Covid. Na última terça-feira (24), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou sobre os estados – incluindo Alagoas – que enfrentam superlotação nas unidades hospitalares.