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Nº 5897
Cidades 91,7% dos pacientes intubados por Covid-19 em Alagoas morreram, diz levantamento

COVID-19: ALAGOAS TEM A PIOR TAXA DE MORTALIDADE DO BRASIL

Estado encabeça a lista de péssimo desempenho na evolução do paciente depois da intubação

Por thiago gomes | Edição do dia 01/04/2021 - Matéria atualizada em 01/04/2021 às 04h00

Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, 91,7% dos pacientes intubados por Covid-19 em Alagoas morreram e só 8,3% conseguiram se salvar. O percentual é o pior do País, conforme aponta um levantamento feito pelo site Poder360, divulgado na semana passada. Isto quer dizer que já são mais de 9 mortos a cada dez intubados. Esta triste realidade foi repercutida na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (31), servindo de banquete aos deputados de oposição ao Governo do Estado. A tabela mostra que as regiões Norte e Nordeste têm a pior mortalidade entre os que estão internados por Covid com ventilação respiratória invasiva. Alagoas encabeça a lista dos estados com péssimo desempenho na evolução do paciente depois da intubação. Os idealizadores das estatísticas classificaram o mês de fevereiro deste ano como o pior desde o início da pandemia, considerando que a situação vem se agravando desde dezembro. A taxa de Alagoas é bem superior à média brasileira. No País, 81,7% dos pacientes intubados por Covid morreram no período em que o levantamento foi realizado. Santa Catarina foi o estado que registrou o menor percentual (72,9%), mesmo assim em um patamar bem elevado, levando em consideração que 7 a cada 10 intubados morreram. Na sessão plenária do parlamento, a informação veio à tona pelo deputado Davi Maia (DEM). Ele criticou a postura do governador Renan Filho (MDB) de, frequentemente, publicar nas redes sociais o que ele considera ser ‘meias-verdades’. “Ele divulgou que Alagoas é o único estado do Brasil que ainda não registrou filas de espera para UTI. Graças a Deus, mas tem um dado tenebroso e maléfico que o Governo fez questão de esconder. Não temos filas aqui porque é onde mais se morre em UTIs”, declarou o parlamentar, mencionando a pesquisa do Poder360. Segundo ele, a culpa por ‘meias-verdades’ difundidas pelo Estado é da comunicação. “Por exemplo, o governo sabia que Alagoas atingiria o pico de mortes e de casos no mês de março, mas resolveu manter o hospital de campanha fechado. Até hoje, o Governo do Estado não comprou um mísero respirador. Todos foram doados pelo Governo Federal”, destacou. O deputado Cabo Bebeto (PTC) ampliou a discussão. Ele reclamou da atuação do Palácio República dos Palmares na pandemia, pontuando situações que ele considera cruciais para a piora do quadro. Citou como exemplos o aparelho de tomografia quebrado no Hospital da Mulher, a precariedade no Hospital Metropolitano, o caos corriqueiro no Hospital Geral do Estado e a inflexibilidade do governador em relação ao apelo do setor produtivo. “O governador está quebrando as pernas dos empresários e ainda dando muletas de presente. As pessoas estão passando fome e a culpa é do Governo do Estado. Alagoas não é referência no trato da Covid-19, pode ser referência em comunicação e marketing. É somente perguntar ao povo alagoano o que acha da postura e atuação do governador para saber. Quer saber a referência de Alagoas? É somente ir no HGE e ver o que acontece lá”, afirmou Bebeto. Para livrar a pele de Renan Filho, o deputado Silvio Camelo (PV) fez críticas ao Governo Federal. Para ele, a piora no cenário da pandemia no Brasil é de inteira responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por, segundo ele, minimizar o caos que já estava estabelecido.


MOTIVOS DA PIORA

O pesquisador da Fiocruz Fernando Bozza, autor do estudo original, elenca alguns dos fatores que levaram à piora do quadro nos últimos meses. Segundo ele, UTIs lotadas, centros médicos sem condições de atendimento, profissionais sem experiência de intubação, burnout das equipes, falta de equipamentos e quebra de protocolos de boas práticas são alguns destes pontos. Ele acrescenta que o quadro pode – e deve – se agravar pela possibilidade de sincronização da epidemia em todas as regiões e nas capitais.

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