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Nº 5882
Cidades

Trabalhadores protestam contra fechamento de bingos

FÁBIA ASSUMPÇÃO Mais de 300 funcionários de bingos e vendedores do “Alagoas dá Sorte” fizeram, ontem de manhã, uma passeata pelas ruas do Centro para protestar contra a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes do c

Por | Edição do dia 02/03/2004 - Matéria atualizada em 02/03/2004 às 00h00

FÁBIA ASSUMPÇÃO Mais de 300 funcionários de bingos e vendedores do “Alagoas dá Sorte” fizeram, ontem de manhã, uma passeata pelas ruas do Centro para protestar contra a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes do carnaval, proibindo o funcionamento de bingos e casas de jogos eletrônicos. Com apitos e faixas, eles saíram da Praça do Centenário e pararam em frente ao Palácio do Floriano Peixoto e à Assembléia Legislativa. Da sacada do palácio, o governador Ronaldo Lessa acenou para os manifestantes, demonstrando que dava apoio ao protesto. Com uma carteira de trabalho na mão, uma manifestante acenava para o governador para alertar sobre a eminência do desemprego. A manifestação provocou um grande congestionamento na Ladeira dos Martírios, que se estendeu por outras ruas do Farol e do Centro. Durante a manifestação foi feito uma abaixo-assinado que será entregue em Brasília. Em Maceió, existem três bingos e duas salas de videobingo, que empregam diretamente mais de 250 pessoas. Segundo o dirigente do Bingo Ponta Verde, Júlio César Rodrigues, os empresários do setor se comprometeram a garantir o emprego dos funcionários por um prazo de 30 dias. Ele afirmou que os donos de bingos têm o maior interesse na regulamentação do setor. “O governo já estava encaminhando um projeto ao Congresso para regulamentar os bingos, só que não foi levado adiante”. Na avaliação do empresário, ao editar a medida provisória para impedir o funcionamento dos bingos, o governo quis desviar o foco da atenção para as denúncias contra Waldomiro Diniz, assessor do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. “Na verdade não existe interesse em CPI dos bingos, mas todos querem uma CPI para investigar as atividades de Waldomiro Diniz”. As manifestações contra a medida provisória do presidente Lula aconteceram, simultaneamente, em várias partes do País. Amanhã, apoiados pela Força Sindical, proprietários e funcionários dos bingos de todo o País fazem uma manifestação em Brasília. Para os mais de 1.500 vendedores dos bilhetes do “Alagoas dá Sorte”, uma das modalidades de jogos operadas pela Loteria Social do Estado de Alagoas (Loteal), o desemprego já é uma realidade. Desde que foi publicada a medida provisória contra os jogos eletrônicos, a direção da Loteal decidiu suspender os sorteios do “Alagoas dá Sorte”. Criado há mais de dois anos, o jogo tinha mais de 8.500 postos de vendas em todo o Estado, espalhados por farmácias, drogarias e mercearias. Mas era uma grande massa de pessoas desempregadas que dependia da venda dos bilhetes do jogo para garantir o sustento de suas famílias. Na família de Maria Lúcia da Silva, além dela, a filha e o genro tinham como única renda fixa a venda dos bilhetes do jogo. Agora, eles passaram a vender amendoins e pipoca nas ruas. “Mas isso não garante a renda que a gente já tinha certa, toda a quinta-feira e domingo, quando havia os sorteios”. O distribuidor Luciano Mendonça também perdeu seu principal meio de sobrevivência. Mas a suspensão do jogo também se reflete em outros segmentos. “Teve dono de padaria que ligou para mim, reclamando que depois que foi suspensa a venda do Alagoas dá Sorte o pão tá sobrando nas prateleiras”, comenta Luciano. CUT defende legalização de jogo O presidente da Central Única dos Trabalhadores em Alagoas (CUT/AL), Isac Jackson Ferreira Cavalcante, disse que uma entidade que defende os movimentos sindicais dos trabalhadores não pode ser a favor do desemprego, mas afirmou que o funcionamento das casas de bingo no Brasil deve ser feito dentro da legalidade. “Não somos contra os bingos, mas que eles sejam legais, saiam da clandestinidade”, opinou. Isac Jackson Cavalcante denuncia que nem todos que trabalham nas casas de bingos, atualmente, estão legalizados, não têm carteira assinada da Previdência Social, nem direito algum. “A maioria dos trabalhadores que prestam serviços nesses tipos de casas de jogos não tem vínculo empregatício. Muitos são comissionados e só ganham pelo que vendem”, destacou. Segundo ele, se uma pessoa que vende cartelas de jogos, por exemplo, for roubada na rua, não prestar conta do que vendeu, é presa e tem que restituir o que perdeu no roubo. “É uma situação complicada, que deve ser bastante analisada. São pessoas que trabalham duro, no sol e não tem segurança no emprego. Por isso, não adianta a gente sair às ruas fazendo manifestações, para protestar pelo fechamento dos bingos, sem saber o que realmente estamos fazendo, o que estamos defendendo. O que temos que fazer é defender a legalidade”, observou. Na opinião do presidente da CUT/AL, é preciso que haja uma Lei que regulamente as casas de jogos, loterias, bingos. “Esses estabelecimentos devem ser legalizados para que possam gerar emprego. Mas do jeito que estão funcionando, eles só têm gerado escravos, sem direito e garantia de nada”, destacou. (FM)

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