Reportagem da Folha de São Paulo publicada na segunda-feira (21) mostra o abismo quando se fala em acesso a oportunidades entre negros e brancos no Brasil. Alagoas é o sexto estado com maior desequilíbrio em desigualdade pela cor da pele e o segundo do Nordeste, atrás apenas do Ceará. Em relação à desigualdade entre negros e branco no acesso ao ensino superior e distribuição de renda, Alagoas ocupa, respectivamente, a segunda pior posição do Brasil, atrás apenas do Amazonas, e a terceira depois do Amazonas e São Paulo. O Índice Folha de Equilíbrio Racial (Ifer) apresenta números que confirmam que nem sempre os estados com mais oportunidades de emprego, por exemplo, apresentam os melhores índices. Esse é o caso de São Paulo, o pior da lista. Na sequência, aparecem Amazonas e Rio de Janeiro. Na outra ponta, ou seja, com menor desequilíbrio racial, estão Amapá, Rondônia e Rio Grande do Norte. Entre os dez estados nas melhores posições, em relação aos que ficam na região Nordeste, aparecem apenas Rio Grande do Norte e Paraíba. O indicador Ifer - desenvolvido pelos economistas Michael França, Sergio firpo e Alysson Portella - mostra que as regiões mais ricas do Brasil impõem as maiores barreiras para que os negros acessem as mesmas oportunidades que os brancos. Por situações assim é que o Movimento Negro de Alagoas protocolou na Câmara de Maceió, no mês passado, projeto que visa instituir política de reserva de vagas para pessoas negras (pretas e pardas) nos concursos públicos da administração pública municipal. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que em Alagoas o percentual da população branca acima de 18 anos com o Ensino Fundamental Completo é mais de um terço maior do que da população negra, 50% ante 36%.