Nove anos após a morte, o sepultamento da jovem Roberta Dias deve acontecer na próxima semana, na cidade de Piaçabuçu, na região do Baixo São Francisco, em Alagoas. A informação foi confirmada à imprensa local pela mãe de Dias, Mônica Reis. Nesta quarta-feira (14), a Perícia Oficial de Alagoas confirmou que os restos mortais encontrados em abril deste ano, na região do Pontal do Peba, em Piaçabuçu, eram, de fato, de Roberta Dias. A jovem foi sequestrada e assassinada em abril de 2012. À época, ela estava grávida. À imprensa local, a mãe de Roberta Dias explicou que deve voltar ao Instituto Médico Legal na próxima terça (20) para receber os documentos necessários para dar entrada no atestado de óbito. Segundo Mônica Reis, a filha será sepultada no jazigo da família. Mônica Reis explicou que o sepultamento será realizado no cemitério de Piaçabuçu, mas, antes de seguir para a cidade vizinha, a família decidiu deixar por alguns minutos a urna funerária com os ossos de Roberta Dias na Funerária Santa Luzia, em Penedo. Um momento religioso deve acontecer na funerária.
A CONFIRMAÇÃO
O setor de DNA do Instituto de Medicina Legal (IML) de Arapiraca enviou ao Laboratório de Genética do Instituto de Criminalística (IC) amostras de fragmentos de ossos e dentes para o exame de DNA. Após a extração do perfil genético desse material, a perita criminal realizou o confronto genético com o material biológico da mãe de Roberta, a senhora Mônica Costa. Para realizar os exames, o IML de Arapiraca enviou para o Laboratório de Genética Forense o crânio e 06 elementos dentários da arcada superior pertencentes a ele, encontrados no dia 18 de abril. Também foram analisados um fragmento do fêmur e 04 elementos dentários da arcada inferior pertencentes à ossada encontrada no dia 21 de abril. Marina Mazanek, perita criminal responsável pelo exame, esclareceu que a ossada foi encontrada enterrada em estado avançado de deterioração, degradação e alteração óssea, devido ao espaço de tempo e intempéries climáticas às que ela foi submetida. Que essas condições do material ósseo e dentário dificultaram o trabalho de extração do DNA para a devida identificação. A perita explicou ainda que os exames de DNA precisam inicialmente comprovar se o crânio encontrado no dia 18 de abril pertencia à ossada encontrada posteriormente no dia 21, ou seja, se eram da mesma pessoa. Paralelamente a essa análise, ela realizou o exame de comparação genética entre a ossada e o DNA da senhora Mônica Reis para confirmar a maternidade.
Após as análises, a perita descreveu no laudo que é possível concluir que é de 99,9999999% a chance das amostras de DNA dos dentes da arcada superior serem de uma filha biológica da senhora Mônica Reis. Os exames também concluíram que os dentes da arcada inferior, fêmur e osso do crânio pertencem ao mesmo indivíduo da amostra.
“Devido às amostras estarem bastante deterioradas, precisei realizar várias tentativas de extração do material genético, inclusive usando técnicas diferentes até conseguir o perfil genético desses fragmentos. A partir do sucesso na extração do DNA dos fragmentos foi possível confrontar com o perfil genético da senhora Mônica Costa, mãe da jovem Roberta Dias. O resultado final do exame foi positivo”, explicou a perita. O documento será ainda encaminhado para a delegacia responsável pela investigação e a outros órgãos do sistema de persecução penal que haviam solicitado o exame.
O CASO
Roberta Costa Dias estava desaparecida desde abril de 2012, quando tinha 18 anos. Uma testemunha do rapto da jovem, inclusive, foi morta meses após o crime. A suspeita é a de que Roberta tenha sido assassinada após se recusar a interromper a gravidez de três meses.
Em 2013, três pessoas foram presas preventivamente: a mãe do então namorado de Roberta Dias e dois policiais civis. Os policiais investigados foram Gledson Oliveira da Silva, 33, e Carlos Bráulio Idalino, 38. Já a mulher apontada como avó da criança, Mary Jane Araújo dos Santos, chegou a ser apontada como a mandante do crime, que teria custado R$ 30 mil. A mãe de Roberta, por sua vez, segue cobrando a conclusão do inquérito. Para Mônica Reis, não haveria justificativa para o fato de os suspeitos continuarem em liberdade.