Em um ano, saltou de 487 para mais de 1,2 mil o número de vítimas sem comorbidades que não resistiram às complicações da Covid-19 em Alagoas. Um percentual de 156%. Essas pessoas - que representam 21% do total de óbitos – não tinham doenças preexistentes ou associadas.
Esse dado tem relação com o avanço do novo coronavírus entre os mais jovens e a importância deles se vacinarem neste momento. Os idosos ainda representam mais de 60% das mortes por Covid-19, mas esse percentual tem registrado queda nos últimos meses, especialmente após o início da vacinação em Alagoas em janeiro deste ano. Enquanto isso, este mês, pessoas com idade de 20 a 49 anos se aproxima de 20% dos óbitos em Alagoas, percentual que vem crescendo. Tanto que um ano atrás essa faixa etária era 12% das mortes. “Pelo fato de ter um número grande de pessoas acometidas, porque a transmissão ainda está muito alta, a probabilidade de ter mais doentes com gravidade existe, mesmo nos mais jovens sem comorbidade. Como hoje a população mais velha já está vacinada, existe um viés que ficam desassistidos os mais jovens. Não é que eles estão mais sujeitos a morrer de Covid é porque a população mais velha começou a ser um número considerável de vacinados, então a curva modifica”, explica a pneumologista Vânia Simões. “Os jovens agora são a população mais susceptível porque não foram vacinados. Não é que a doença é mais grave hoje em jovens, é que está tendo mais transmissão e quanto mais contaminados maior a possibilidade de haver gravidade Enquanto que nos idosos que estão vacinados reduzem os riscos. A vacina não evita que você adoeça, evita a morte e doentes graves”, acrescenta a infectologista. Com a redução da faixa de idade vacinada, o vírus pode adoecer um público ainda mais jovem, avalia Vânia Simões. “Aqueles com comorbidades foram vacinados antes e quem está hoje sem vacinação é o jovem, que está se expondo mais, fazendo aglomeração. Quanto mais gente doente, maior a probabilidade de ter doença grave. Ainda estamos muito longe do ideal, do controle da pandemia, controle só com as duas e tem que ser rápido por causa das variantes. Ninguém sabe se virá uma variante mais agressiva”, diz a médica.
Os boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) mostram que o número de pessoas que não resistiram à Covid-19 e não tinham comorbidades, até a primeira semana de agosto (quase 1.300) é superior até os que tinham cardiopatia, por exemplo, com 1,2 mil.
Os que morreram após infecção pelo coronavírus – sem doenças preexistentes – representam praticamente a mesma quantidade do somatório dos que tinham obesidade, pneumopatia e problema renal. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, entre os mais de 300 mil óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 notificados até a Semana Epidemiológica 29, pouco mais 182 mil (59,5%) apresentavam pelo menos uma comorbidade. “Cardiopatia e diabetes foram as condições mais frequentes, sendo que a maior parte destes indivíduos que evoluiu a óbito e apresentava alguma comorbidade possuía 60 anos ou mais de idade, ao contrário dos óbitos com obesidade que apresentaram um maior registro dentre os menores de 60 anos”, reforça relatório do MS.